José Zanardo fala sobre os desafios e responsabilidade do professor na sociedade


Publicado em 12 de outubro de 2018
Em 30 anos de carreira o professor José Zanrdo atuou em diversar áreas da educação: foi inspetor de alunos, diretor de escola e Secretário de Educação (Foto: Arquivo Pessoal José Zanardo)

Em 30 anos de carreira o professor José Zanrdo atuou em diversar áreas da educação: foi inspetor de alunos, diretor de escola e Secretário de Educação (Foto: Arquivo Pessoal José Zanardo)

Na próxima segunda-feira, dia 15 de outubro, é comemorado o Dia do Professor. Em comemoração a esta data, a Gazeta conversou com um dos profissionais da educação mais conhecidos e reconhecidos de Iracemápolis, o professor José Zanardo, 57.

Formado pela ASMEC Ouro Fino em Letras, o professor ainda cursou Pedagogia nas Faculdades Claretianas e é Pós-graduado em Docência para o Ensino Superior. Na área da educação passou por diversas experiências além da sala de aula: foi inspetor de alunos, diretor na escola Antônio Cândido de Camargo e Secretário de Educação em três gestões: 1997-2000/ 2005 a 2012.

Apaixonado pelas letras e pela história, escreveu o livro “Iracemápolis, Fatos e Retratos” que une imagem inéditas e raras da história do município. Após três décadas de muito trabalho, Zanardo anunciou no mês passado a sua aposentadoria.

Nesta entrevista, o professor fala sobre os desafios e importância da profissão.

Qual a importância do professor na sociedade?

Não há sociedade sem professor. Todos passam pelas mãos do professor. A escola é uma das poucas formas de ascender na vida. É praticamente impossível, em nossos dias, você crescer como ser humano sem saber ler e escrever, sem melhorar sua visão de mundo.

Infelizmente o professor é pouco valorizado em nosso país e por causa disso é cada vez menor o número de pessoas que optam pela profissão. O que você diria para incentivar jovens que têm este desejo, mas sente-se desmotivados?

A escolha de uma profissão é um passo muito importante em nossas vidas. Eu acredito que ser professor vai muito além de saber sua matéria. Tem que ter aptidão, gostar da arte de ensinar, gostar de relacionar-se com pessoas, ser autoconfiante, acreditar. Ser um depósito de conhecimento e não saber passar esse conhecimento nunca fará de alguém um bom professor. Você tem que ter a sensibilidade de querer transformar, porque ninguém é um depósito de informações. Antes de tudo isso, somos seres que erram e muito. Mas temos que aceitar o erro como um desafio.

Baseado em sua experiência, qual é o maior desafio que o professor enfrenta atualmente no exercício da profissão?

A indisciplina assola as nossas escolas. De repente, passou-se a ideia de que a escola tudo pode resolver. Ledo engano! Ela não tem essa força nem essa missão. Principalmente, assuntos relacionados aos laços de família e educação de base. Professor tem coração de pai, mas não é o pai. Há uma diferença muito grande em ensinar e educar. Eu fui educado pelos meus pais, semi-analfabetos. A educação não está nas letras, está dentro de casa, nos princípios de cada pai, cada mãe.

Relembre um fato marcante em sua carreira.

Foram muitos. Eu vivi cada dia. Fui muito feliz como professor. Nunca fiz o “pacote pronto do governo usurpador”. Procurei fazer a diferença sendo eu mesmo. Aceitei este desafio comigo mesmo.

Agora, encerrando sua carreira com a sensação de missão cumprida, qual o legado que você deixa para os ex-alunos que passaram por sua sala de aula?

É bem como eu já disse: ser professor é muito diferente de estar professor. Minha contribuição foi a de passar a cada um a esperança de que luta, dedicação e determinação são essenciais para uma vida mais produtiva e feliz. Acreditar, ter Deus presente em nossas vidas, entregar seu coração. Não tive filhos, mas via-os sentados à minha frente em cada sala que entrava. Era para eles que eu estava ali presente. A aula tinha que acontecer naquele momento de criação!

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