Carta para um amigo


Publicado em 21 de novembro de 2014

Ai meu Deus, lá vêm eles de novo! Lá vêm eles de novo! Leitores (as) nasci em Iracemápolis filho de Jacob Evangelista onde muitos, na minha infância e juventude, me chamavam de “Jacózinho”. Obviamente que o “apelido” se referia, carinhosamente, a minha paternidade. Alguns até hoje me tratam dessa forma. Muitas pessoas já me perguntaram o que acho desse tratamento, já que tenho um nome de registro que respondo por Renato. Percebo que as pessoas que me chamam pelo nome do meu pai têm por ele um sentimento de respeito, de afeto, gerados pela amizade que tiveram em algum momento ou ao longo de suas vidas.

Tenho como recordação ocasiões em que acompanhei meu pai na infância e adolescência. Minha paixão pelo futebol deve muito a isso. Como jogador amador de futebol o local mais frequentado por meu pai foi o Campo, mais especificamente o campo do CAUI (Estádio Dr. Dimas Cêra Ometto) de propriedade da Usina Iracema. Moramos a meia quadra do mesmo, no final da Rua Coronel José Levy, por dezessete anos. Frequentei aquele estádio praticamente dos sete anos de idade até hoje onde ainda jogo futebol aos sábados e cultivo boas amizades.

Alguns dos meus amigos do “futebol de final de semana”, que fazem parte da minha geração, tiveram filhos. Hoje esses meninos de dez, onze anos acompanham seus pais no campo como eu fazia antigamente. Fico observando a troca de experiências desses pais e filhos. Acho muito bonita a atitude desses homens que fazem questão de acompanhar a formação de seus meninos.

Entre esses garotos que hoje frequentam o campo em que jogamos, um deles eu costumava chamar pelo nome do pai. Eu o chamava de “Francisquinho”. Era uma forma carinhosa de mostrar a ele a importância do caráter do homem que ele chamava por pai, e também do carinho e da amizade que eu tinha pelo pai dele.

Francisco era meu conhecido de longa data, pois o mesmo viveu um tempo na famosa “Colóninha do Sapo” que ficava na descida da Usina, perto da minha casa. Depois a vida adulta tratou de nos separar até nos reencontrarmos novamente no mesmo campo da infância e retomarmos a amizade, mesmo que resumida ás tardes de sábado para um bate-papo “pós jogo” e uma cervejinha. Brincávamos que ele fazia parte dos únicos dois torcedores da nossa equipe. O outro é o Ricardão da moto.

A vida nos prega peças, e fomos surpreendidos pela separação definitiva de um amigo. Não tive a chance nem de me despedir desse colega o que me deixou profundamente magoado. Eu tenho a sorte de ainda ter meu pai aos quarenta e quatro anos. O meu amigo “Francisquinho” ainda adolescente, não teve. Muitos não tiveram. Espero do fundo do meu coração, que sobre seu skate inseparável e alado você supere essa falta. Que você se esforce muito, mesmo sabendo que será difícil demais, para vencer esse obstáculo e demonstrar para o seu pai e para a sua família o quanto ele foi importante na sua vida. Um beijo no seu coração.

 

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