Flor de cera


Publicado em 4 de novembro de 2016

Flor-de-cera

Eu conheço essa flor como flor de cera. Ganhei uma mudinha do meu querido e já falecido tio Toninho certa vez quando fui visitá-lo na Serra da Mantiqueira alguns anos atrás. Sempre que chega a metade do mês de outubro ela começa a dar os cachinhos e até o final do mês as flores se abrem. São lindas! Parecem aquelas flores de glacê que enfeitam os bolos de noiva. Você olha de perto e elas parecem tão resistentes que vão durar a vida toda, mas não… Suas flores duram até a primeira semana de novembro, justamente a época de finados.

Quando a morte chega para alguém que amamos, parece que não vamos aguentar, mas somos tão resistentes que até não acreditamos que vamos passar por tudo. A gente enfrenta a notícia da morte, a organização do funeral, a burocracia dos documentos, a escolha das roupas, o velório, o enterro. Nos dias subsequentes a gente enfrenta a ausência, tenta mexer nos pertences, no que restou, separar coisas, sentir o cheiro que fica e remexe em fotos. Tudo vagando entre o choro e a placidez, mas resistentes.

O tempo passa, e como a flor de cera, tão resistentes outrora, murchamos. E assim prosseguimos, ora floridos, ora murchos, ora resistentes, ora fracos, sem flor.

As dificuldades vem e vão, e nós vamos passando por elas, até o momento em que alguém vai chorar por nós, vai juntar nossos pertences, nossas fotos… Nessa semana de Finados, quero deixar um beijo especial para todos que sofreram perdas, que viram a vida mudar. Vamos seguindo em frente, como as flores de cera, aparentemente fortes e resistentes, mas também não eternos.

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