Gastando a vida


Publicado em 22 de janeiro de 2016

Ando reparando pessoas. Ando percebendo o quanto se gasta da vida ‘à toa’. Diariamente a ociosidade de pensamento impera. Cada dia que passa é menos um dia. Cada segundo que passa é menos tempo. O tempo vai se perdendo, se escorrendo. E as pessoas parecem não perceber a vida se diluindo.

Aquele cidadão está todo dia na praça. Chega, senta em um banco a esmo e fica olhando para tudo e para o nada ao mesmo tempo. Bate um papo aqui, conta outra fofoca ali. Quanto pensamento inútil, quanta futilidade. Dia após dia, ano após ano, e a pessoa continua repetindo esse comportamento do nada fazer, do nada pensar. Olho para pessoa e penso no quanto vazio existe ali. Um vácuo de pensamento. Um vácuo de existência.

Esse tipo de gente morre antes mesmo de morrer. Vive uma vida de zumbi intelectual. Em sua cabeça quadrada não existem portas. São só desertos imensos. Vive de pensamentos não pensados. Vive de ideias introduzidas por terceiros que ele acha que são os donos da verdade. Vive dizendo amém, vive de aceitar. Vive de joelhos. Vive preso em uma redoma. Vive em grades, acorrentado sem perceber. Um preso em liberdade. E porque não pensa por si próprio? Porque foi treinada para ser essa pessoa desde que nasceu. Desabitada de questionamentos. Porque assim somos, a maioria, educados para ser gado. ‘Vida de gado, povo marcado, povo feliz’.

A menina fica ‘vinte e quatro horas’ no celular. O menino ‘vinte e quatro horas’ na televisão. O senhor ‘vinte e quatro horas’ no bar. A senhora ‘vinte e quatro horas na igreja’. O piloto automático vai imprimindo a vida. Quanta pobreza. Quanto desperdício.

Desespero-me. Gostaria de ‘gritar a plenos pulmões’: Ei! Você vai morrer! Carpe Diem! Corra! O tempo está se esgotando. Busque conhecimento. Viva a vida. Aprenda. Desprenda-se dos seus conceitos magros. Jogue no lixo seus preconceitos. Pratique algum esporte. Saia da jaula. Vá ao cinema. Alugue um bom filme. Um que te faça pensar. Tenha coragem. Leia um livro de quinhentas páginas. Um livro que lhe traga novos horizontes. Abra sua cabeça. Faça uma faxina cerebral. Instrua-se. Informe-se. Saiba. Descubra. Questione. Estude. Pergunte. Levante-se desse banco, desse sofá. Saia do estado moribundo. Não se deixe agonizar. Reaja contra essa violência muda! Reaja contra a sua inexistência! Basta de consumir sua própria vida no nada!

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