Iracemápolis sente impacto da greve dos caminhoneiros


Publicado em 1 de junho de 2018
Consumidores formam fila em posto de combustíveis para abastecer veículos (Foto: Fabio Rocha)

Consumidores formam fila em posto de combustíveis para abastecer veículos (Foto: Fabio Rocha)

Falta de combustíveis nos postos, transportes públicos prejudicados, escassez de alimentos perecíveis nas bancas e alta nos preços destes produtos foram os principais reflexos da greve dos caminhoneiros que durou dez dias e terminou na última quarta-feira (30). Aqui em Iracemápolis o cenário não foi diferente.

COMBUSTÍVEIS

Na quinta-feira passada, dia 24, os consumidores formaram grandes filas nos quatro postos de combustíveis da cidade. A cena voltou a se repetir ao longo da semana no único posto que conseguiu receber alguns carregamentos. As filas passavam de quatro quarteirões e muita gente que passou horas aguardando foi embora sem abastecer. “Fiquei duas horas esperando na fila e quando chegou a minha vez o álcool tinha acabado”, disse o vendedor Álvaro Miguel, 58.

ALIMENTOS

Um dos setores mais afetados pela greve foi o de alimentos não perecíveis. A falta de produtos nos principais distribuidores gerou aumento nos preços. O quilo de batata, por exemplo, que antes custava cerca de R$ 4 chegou a R$12,49 na semana passada.

Segundo os comerciantes locais, o preço pago aos fornecedores foi repassado ao consumidor final.

TRANSPORTE

A Prefeitura conseguiu manter o transporte escolar e de pacientes, mas deu prioridade para os casos de urgência e emergência. Já o transporte público intermunicipal circulou com 50% da frota seguindo o horário de domingo.

MANIFESTAÇÕES

Nas noites de segunda e terça, 28 e 29, houve carreata em apoio aos caminhoneiros. Os manifestantes partiram da Avenida Pedro Cosenza e ao som de buzinas percorreram as principais ruas da cidade.
Além do apoio à greve, as manifestações tiveram um apelo político, onde os participantes pediam o fim da corrupção. “O povo está saturado, cansado de ser humilhado, de não conseguir pagar as contas. Eles (os caminhoneiros) deram o pontapé inicial e nós estamos em apoio. Nos unimos e fomos às ruas porque juntos somos mais fortes”, explicou, Rosa Maria Miranda Frasson Penteado, 36, esposa de caminhoneiro e uma das organizadoras da manifestação.

RESULTADOS

Um acordo firmado na quarta-feira (30) entre o governo e as entidades que representam os caminhoneiros colocou fim à greve. A paralisação foi suspensa por 15 dias. Depois, governo e entidades voltam a se reunir para discutir os compromissos firmados.

O acordo prevê o congelamento do preço do diesel em R$ 2,10 por 30 dias, a tabela de referência de fretes será reeditada a cada três meses, sendo a primeira no dia 1º de junho, não será cobrado pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios, em rodovias federais, estaduais e municipais e ainda ficou determinado que 30% dos fretes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) sejam feitos por caminhoneiros autônomos.

INSATISFAÇÃO

Para o iracemapolense Ari Aparecido Ferreira, 53, caminhoneiro há 15 anos, o governo saiu vitorioso.

Ele disse que apesar de atendidas as exigências iniciais da categoria, os resultados não foram os melhores, pois as medidas tomadas pelo governo são temporárias. “A preocupação agora são os aumentos que podem vir daqui para a frente para compensar a queda do diesel”, disse.

Ferreira que participou da greve na cidade de Sorocaba (SP), lamentou o fato de os consumidores não pararem de abastecer como forma de protesto. “O povo não soube apoiar a greve, ao correr para os postos para abastecer sem se importar com o preço dos combustíveis. Acho que isso enfraqueceu o movimento”, disse.

O caminhoneiro também destacou o ponto positivo da paralisação. “Serviu para alertar o governo e mostrar para ele que a categoria tem muita força e pode parar o país”, afirmou.

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