Léxico


Publicado em 23 de outubro de 2015

Gosto muito de algumas palavras. Nem sempre pelo que significam, mas pelo som, pela semântica ou mesmo pelo motivo como as conheci. “Quotidiano”, por exemplo, é uma das favoritas. Inspirado em trechos de “A Insustentável Leveza do Ser”, de Milan Kundera, onde o autor elabora um pequeno léxico de palavras incompreendidas, resolvi listar algumas que, para mim, dizem mais do que aparentam.

“Kitsch”, por exemplo. É uma das que mais gosto já há muito tempo. Imagino-a, contudo, tão bonita que não sei como pode remeter ao contrário! “Blasé” segue o exemplo: é brilhante, mas seu sentido aponta o inverso. Diferente de “porão”, que me parece traduzir exatamente o que quer dizer. “Hawaii”, pronunciada na língua matriz, merece ser citada. E “café” é tão singela que dá vontade de parar tudo e ir buscar um.

A própria palavra “palavra” é muito bonita. “Perspicaz” e “voyeur” são das melhores, assim como “dialética”, “peripécia” e “plasticidade”. “Indubitável”, “mordaz”, “idiossincrasia”, “concomitante”, “titubear”, “cataclismo”, “veemente”, “touché”, “clímax” e “doravante” são de arrepiar. E “techno-pop”, embora seja uma expressão e não uma palavra, é sensacional!

Talvez seja por isso que eu goste tanto de escrever. Às vezes, uma dessas palavras aparece e paro tudo só para cobiçá-la. Procuro outros significados, outras utilidades e sinônimos. Não há nada mais lúdico.

Aliás, “lúdico” é outra que merece destaque neste meu interminável léxico de palavras admiráveis. Hoje ela não me sai da cabeça, a ponto de eu ficar repetindo-a por aí, como se faz com o refrão de uma música pop.

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