Por que precisamos de mais mulheres na política?


Publicado em 27 de novembro de 2020
Graziela Félix - Jornalista Instagram: @grazifelix

Graziela Félix – Jornalista
Instagram: @grazifelix

Nas eleições deste ano, as candidaturas femininas para prefeita, vice-prefeita ou vereadora ficaram próximas ao mínimo de 30% estabelecido pela lei. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que, do total de 556.033 pedidos de registro de candidatura, 186.144 foram de mulheres, ou seja, 33,48% do total. Um número muito baixo já que representamos 52,5% do eleitorado brasileiro. Se vivemos numa democracia, uma política sem mulheres não pode ser considerada democrática, concordam?

Iracemápolis acaba de entrar para a história ao eleger sua primeira prefeita mulher. A conquista, que para muitos pode não significar muita coisa, para nós mulheres representa um avanço. Mais que isso, mulheres na política significa um olhar a mais para as pautas da nossa realidade, afinal, quem terá maior legitimidade para entender e defender demandas como vagas em creche, combate à violência contra a mulher, licença maternidade, entre outras do universo feminino?

Não estou dizendo que os homens não podem fazer isso. Podem e devem. Porém, o olhar de nós mulheres para esses temas que impactam diretamente o nosso dia a dia será essencial para mudar nossa realidade. Além, é claro, da representatividade, como bem lembrou a vice-presidente eleita dos Estados Unidos, Kamala Harris. Em seu primeiro discurso após a eleição, Kamala disse que “embora eu seja a primeira mulher neste posto, não serei a última, porque cada garotinha que me vê hoje, vê que esse é um país de possibilidades”.

Obviamente que mais mulheres no executivo e legislativo implica também em um outro desafio. As eleitas deverão estar preparadas para lutar diariamente contra o machismo existente nos espaços de poder, ocupados em sua maioria por homens. Ser ouvida e manter-se firme quando alguém tentar ridiculariza-la não será uma tarefa fácil. Porque é assim que acontece. Gestos tidos como inofensivos, disfarçados de piada, mas que, na verdade, roubam nossa força, nosso espaço e às vezes nos faz duvidar da nossa própria capacidade.

Você já ouviu falar em manterrupting? O termo inglês é uma junção de “man” (homem) e “interrupting” (interrupção). Traduzindo: “homens que interrompem”. Sabe quando a mulher começa a expor seu ponto de vista e é interrompida de forma desnecessária por um homem? Pois bem, manterrupting é o nome que se dá a essa falta de educação masculina que não acontece apenas nas câmaras municipais e nas prefeituras. Em casa, no grupo de amigos, no trabalho (seja ele qual for) acontece o manterrupting. Comece a prestar atenção a partir de agora.

Outros termos que resumem bem o desafio diário da mulher no dia a dia como bropriating e mansplaining são pouco conhecidos, mas o que eles representam nós conhecemos bem e sentimos na pele diariamente. Mas isso é papo para o nosso Entre Elas do próximo mês.

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