Se funciona, qualquer vacina serve


Publicado em 23 de abril de 2021

O ótimo colunista Hélio Schwartsman, da Folha de SP, escreveu nesta semana um artigo interessante sobre a campanha de vacinação para coibir a covid-19. Chamada “Guerras vacinais”, a coluna questiona, entre as opções disponíveis de vacina contra a doença, “qual você tomaria se pudesse escolher”.

Escreve ele: “Penso que muitos optariam pela da Pfizer. Ela, afinal, apresenta uma das taxas mais altas de eficácia em estudos […], não foi associada a efeitos colaterais graves […] e está mostrando que funciona bem”.

A questão, porém, é mais complexa, afirma ele. “Ao que tudo indica, o Sars-CoV-2 veio para ficar. É provável que tenhamos de colocar a vacina anti-Covid no calendário anual de imunizações, e aí as vantagens da Pfizer talvez não se sustentem”.

Justifica o colunista: “Hoje, diante dos custos econômicos de lockdowns, mesmo a mais cara das vacinas é uma pechincha. Mas, se precisarmos de reforços anuais, o preço será uma variável importante, e o da Pfizer está entre os mais elevados — US$ 20 a dose, contra US$ 4 da vacina Oxford. A logística também é mais complicada, já que o biofármaco da Pfizer precisa ser mantido à temperatura de -70°C”.

Portanto, escreve ele, “[…] Quem desponta como candidata forte a prevalecer no mercado de mais longo prazo é justamente a vacina da Oxford, a mais barata entre os principais imunizantes, que se conserva em geladeiras comuns e que também vem se mostrando efetiva nos experimentos de mundo real”.

E conclui: “Para nós, cidadãos comuns, qualquer vacina que evite que morramos ou desenvolvamos quadros graves deve ser celebrada”. Com a isenção que só os jornais grandes, como a Folha, conseguem manter, a coluna é, como praticamente todas que escreve, uma daquelas leituras que consegue ser ao mesmo tempo leve e despretensiosa, e icônica e informativa.

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