Sinto muito


Publicado em 12 de outubro de 2018

Querido leitor, começo minha primeira coluna com um pedido de desculpas. Sim, desculpas!

Sinto muito se você achou que este espaço fosse colocar as mulheres contra os homens, defender que é preciso rasgar o sutiã em praça pública, sair nuas pelas ruas com o corpo pintado ou deixar os pelos das axilas crescerem. Eu, por muito tempo, também achei que feminismo fosse isso. Me enganei.

Quando se fala em feminismo, a primeira associação que a maioria das pessoas faz é com a ideia de que ele seja o contrário do machismo. Um erro comum, mas que precisa ser desmitificado. Então, caro leitor, me desculpe se você pensou isso a vida inteira e eu, logo na primeira coluna, venho aqui te revelar que feminismo é o oposto disso. De verdade! Juro pra você.

Para entender um pouco sobre essa palavra que ficou famosa nos últimos tempos e se faz tão necessária, precisamos começar pelo be-a-bá. O dicionário diz que feminismo é “Doutrina cujos preceitos indicam e defendem a igualdade de direitos entre mulheres e homens. Movimento que combate a desigualdade de direitos entre mulheres e homens. Ideologia que defende a igualdade, em todos os aspectos (social, político, econômico), entre homens e mulheres”. Duvida? Dá um google.

Viu só: igualdade de direitos. Foi por conta das feministas que nós votamos no último domingo, sabia? Pois é. Nosso direito de voto é novo. Aqui no Brasil, foi em 1932 que a mulher brasileira obteve o direito de votar nas eleições nacionais. Entretanto, a conquista não foi completa. O Código Eleitoral da época permitia apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras e com renda própria pudessem votar.

Entendem? A gente não tinha poder de decisão na nossa própria vida. E, infelizmente, tem muita mulher que ainda não consegue mandar. Tem mulher que apanha do esposo e chora sozinha. Quando a pancada é mais grave e precisa ir ao hospital, ela mente dizendo que caiu da escada ou que tropeçou fazendo faxina. Tem marido que esconde ou rasura a carteira de trabalho da esposa porque não quer que ela trabalhe fora de casa. Têm aqueles que até “deixam” suas esposas trabalharem e se orgulham de dizer que não são machistas, mas lá em casa, ficam assistindo TV enquanto ela lava, passa, cozinha e cuida dos filhos sozinha.

Tem aquelas que tem homens feministas dentro de casa. São maridos que dividem as tarefas, que torcem pelo sucesso profissional da companheira, que não oprimem, nem agridem verbal e fisicamente. Essa sim vive um conto de fadas, não é? Não! Muitas delas são vítimas no ambiente de trabalho e precisam provar sua competência a todo custo e que o cargo de chefia não foi conquistado em troca de favores sexuais.

Entende agora porque esse assunto é tão importante! Hoje acordei com a notícia de que uma mulher foi morta a facadas pelo ex-marido ciumento que não aceitava a separação. O homem a matou na frente do filho de apenas sete anos.

É por ela e por tantas outras mulheres que estou aqui. É por ela e por você que sofre com isso que estou aqui. Não podemos permitir que essa situação persista. Tenho certeza que juntas nós vamos mudar essa realidade. Vem comigo?

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