Você conversa sobre sexualidade com seus filhos?


Publicado em 28 de agosto de 2020
Graziela Félix - Jornalista Instagram: @grazifelix

Graziela Félix – Jornalista
Instagram: @grazifelix

O caso do estupro da garota de 10 anos, que teve autorização na justiça para praticar o aborto, revelou a falta de conhecimentos das pessoas sobre educação sexual e prevenção ao estupro.

Para se ter uma ideia da gravidade do problema, dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostram que foram registrados 3.102 estupros no 3º trimestre de 2019 no estado – o maior número dos últimos 18 meses, sendo que 2.316 casos envolveram crianças e adolescentes com idades de até 14 anos. O que significa 24 crianças e adolescentes estupradas por dia somente no estado de São Paulo, ou seja, uma por hora.

Quando falamos sobre a importância de inserir no currículo escolar a disciplina de educação sexual, há muita gente que se manifesta contra porque acredita – de forma totalmente errada – que os professores vão ensinar os alunos a fazerem sexo.

Antes de tudo é importante esclarecer que falar sobre sexualidade com crianças não é ensinar, muito menos incitar que ela faça sexo. Esse assunto, passado de forma transparente e segura por pais e professores, é um grande aliado no combate ao estupro porque quando a criança entende que ninguém pode mexer nas genitálias dela, automaticamente ela vai aprender que, caso isso aconteça, o papai e a mamãe precisam ficar sabendo.

E aí você pode estar pensando que pode até concordar em tratar desse assunto com seu filho, mas não permite que seja falado em sala de aula. Então eu te pergunto: e quando o estupro ocorre dentro de casa? Quando é o próprio pai que comete o abuso? A criança precisa enxergar o professor como um aliado porque se o estupro ocorre dentro de casa, a menor precisa avisar a escola para que a polícia e conselho tutelar sejam acionados, porque 80% dos casos de abuso sexual contra menores acontece dentro de casa.

Quando a imprensa noticia um caso como este, muita gente se comove e se revolta. Mas ao mesmo tempo impera uma sensação de impotência. Penso que estes casos também devem nos levar para outra reflexão: o sofrimento e objetificação da mulher.

Mais uma vez a mulher é apontada como culpada, mais uma vez querem decidir o que ela deve fazer com o corpo dela e, como se não bastasse toda a crueldade vivida por uma criança de apenas 10 anos, ainda tem grupos que a chamam de assassina.

Entende como é um assunto complexo?

Se você leu esse texto até o final eu te convido a refletir. Pense na sua filha, na sua irmã, na sua vizinha, na sua prima. Pense nas meninas que você conhece e defenda a educação sexual. Se não por você, por elas!

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