A abrangência da morte
Publicado em 31 de outubro de 2014
Uma das situações mais temidas na vida do ser humano deve ser com certeza a morte. Dá arrepios só de falar. O engraçado é que não nos damos conta da abrangência da morte, ou seja, há muitos tipos de morte, umas mais doloridas, outras nem tanto.
Nos últimos dias, se pararmos para refletir e olhar com mais atenção ao nosso redor, a gente vai perceber isso, e embora soe um pouco sinistro, quero convidá-los a viajar comigo pelo mundo da morte que se mostra à nossa frente.
A MORTE DA NATUREZA: a falta de água nos últimos meses está trazendo o sofrimento dos rios que agonizam, plantas, flores e animais que estão pagando o preço daquilo que eles não tem culpa. Diante desse quadro, nós seres humanos, ditos racionais, temos que fazer nossa parte e preservar, reciclar, reutilizar, economizar, e isso está gerando outra morte: a MORTE DA CIDADANIA. Como é possível, sabendo que é momento de economizar, ver gente insistindo em lavar calçadas, quintais, acordar de madrugada e gastar água, pegar água limpa para encher galões e deixar reservas em casa, sem pensar no seu próximo e pior, se esquecendo de que, se acabar, vai acabar para todos. Falta de altruísmo, falta de amor ao próximo, e essa falta de amor ao próximo também está levando à próxima morte: a MORTE DO RESPEITO. O resultado de uma eleição marcada pela falta de respeito entre os próprios candidatos trouxe à tona preconceitos e com certeza sim, dividiu o país, mas dividiu entre os que sabem o que é democracia e os que não sabe.
Isso acabou na MORTE DA EDUCAÇÃO: gente que se diz tão inteligente, tão culta, mostrando uma falta de educação tremenda, ofendendo seu próximo nas redes sociais, perdendo amizades por causa de política, cujos políticos se engalfinham na TV e após as eleições estão firmando alianças, trocando beijinhos e abraços e deixando o povo atônito com tantos “vira-casacas” que existem. Surge então a MORTE DO CARÁTER: gente preconceituosa, mentirosa, mal informada, pessoas que se esquecem que somos todos iguais, que vamos todos feder e ir para o buraco, seja no norte, seja no sul, seja político, seja povão. Eu só espero que aqueles que se comprometem com o povo, prometendo uma vida melhor e não fazendo nada para que isso aconteça, gastando e sumindo com o dinheiro público, além de feder e ir para o buraco, queimem no fogo do inferno e sejam cutucados todos os dias da eternidade pelo garfo do capeta, porque eles são responsáveis por outra morte: a MORTE DOS SONHOS. As pessoas já estão deixando de sonhar com uma vida melhor, mais digna. Os direitos das pessoas previstos na Constituição estão cada dia mais distantes, trazendo pesadelos e infelicidade. Caos na saúde, educação, violência, sofrimento para adultos e crianças, sem falar nos idosos que trabalham a vida toda e no final recebem uma aposentadoria irrisória, isso quando conseguem se aposentar, porque muitos acabam morrendo depois de anos lutando com o INSS… Chegamos então a mais dolorida de todas as mortes: a MORTE FÍSICA.
Acompanhamos nessa semana de Finados, a morte de vários estudantes e professoras num terrível acidente. Acho que somente que já perdeu um filho, um ente querido, sabe mensurar o tamanho dessa dor. Acredito que depois disso, as famílias passam a ter um novo olhar para a vida, começam a pensar mais no que realmente importa.
E o que realmente importa? Aproveitar melhor nosso tempo precioso. Não perdê-lo com coisas que nos fazem mal. Precisamos aprender a usar o botão “delete” da nossa mente e apagar tudo o que é ruim.
Nessa semana de Finados, que Deus console o coração de todos que sofrem com a morte física e nos ajude a superar as outras mortes com as quais nos deparamos no nosso dia a dia, para que possamos prosseguir.