Analogia a partir de Trótski


Publicado em 21 de agosto de 2015

Trótski morreu em 21 de agosto de 1940, há exatos 75 anos. Um dia antes, em Coyoacán, bairro da Cidade do México, foi apunhalado na cabeça com um objeto que lembra uma picareta — ou a foice que simboliza o comunismo junto ao martelo. O assassino o golpeou pelas costas e seu crânio afundou. Mas a real intenção do algoz ficou incógnita por um bom tempo.

Antes disso, Trótski foi um dos líderes da Revolução de Outubro de 1917, que resultou na União Soviética. Preferido de Lênin para sucedê-lo, travou batalha interna com Stálin no Partido Comunista. Perdeu, foi afastado pelo rival e expulso do local que ajudou a construir. Refugiou-se em vários países até chegar ao México, onde foi assassinado.

Quem o matou, soube-se depois, foi Ramón Mercader, um agente secreto de Stálin. O crime foi cometido a mando do ditador, mas a população soviética não soube disso. Ao contrário: com mãos de ferro, Stálin construiu na imprensa a imagem de que Trótski era “inimigo do povo” — e, antes de mandar matá-lo, quis retirá-lo da história ordenando apagar fotos em que aparecia ao lado de Lênin. Além de toda a força que tinha como líder soviético, possuía o controle da comunicação. Os jornais estavam à sua disposição e publicavam o que ele queria.

Na União Soviética, até o seu fim em 1991, com Gorbatchov, jamais houve pedido oficial de desculpas em memória a Trótski.

Acredito que a analogia caiba bem: entre tanta coisa que o período stalinista ensina, do ponto de vista histórico, uma das mais importantes é que a informação não pode ter dono. Não deve ser permitido a ninguém, principalmente ao governo, pautar o que deve ou não ser publicado. Em Moscou, aqui ou em qualquer lugar.

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