As melhores coisas
Publicado em 27 de novembro de 2015
Já faz tempo, quando eu estava na faculdade de Ciências Sociais, tive aulas de Ciência Política com o professor Antônio Luiz Carvalho Silva. Excelente educador, o chamávamos de Toninho. Durante as aulas, ele sempre soltava uma frase ou outra que, às vezes, parecia não ter nada a ver com o curso, muitas vezes ditas no corredor, no intervalo, mas que ensinava mais que uma lousa inteira.
Lembro-me de algumas: “O diabo é perigoso não porque é mau, mas porque é velho”; “A verdade depende de qual lado da mesa o sujeito está sentado”; “Você pensa a partir da realidade em que vive”; “A necessidade é mãe da invenção”.
No correr das aulas, aprendi que tudo aquilo que constitui o mundo em que vivemos é uma construção histórica. Em outras palavras, não há como explicar o mundo a não ser pelo ângulo da história, daquilo que foi sendo feito pelas gerações anteriores. Toninho sempre disse que “processo” é uma palavra muito importante, já que as coisas nunca estão prontas, nada nunca está terminado. Tudo é uma constante construção.
Outras frases importantes que lembro, estas já bem dentro da disciplina: “Qualquer atividade coletiva é perigosa para a classe dominante”; “O Estado não existe para equilibrar receitas, mas para distribuir igualdade”. Essas citações sempre me marcaram e penso nelas muitas vezes. Outra, tão importante quanto: “Em um governo, as decisões devem ser tomadas pela ética da responsabilidade, nunca pela ética da convicção pessoal”.
Isso tudo lembra uma música chamada “21”, gravada pelo Capital Inicial no disco “Eletricidade”, de 91. Em certo momento, Dinho Ouro Preto canta: “As melhores coisas se aprendem na escola, mas não na sala de aula”.