Baleia azul: Iracemápolis registra casos de automutilação de adolescentes
Sete casos supostamente relacionados ao jogo foram registrados nos últimos dias na cidade; uma das garotas chegou a tentar suicídio
Publicado em 21 de abril de 2017
O tema suicídio nunca foi tão comentado na mídia como nos últimos dias. O assunto veio à tona após uma série de notícias de adolescentes que tiraram ou tentaram tirar a vida supostamente influenciados pelo jogo da baleia azul e pela séria recém-lançada na Netflix “13 reasons why”(13 porquês). Em Iracemápolis, foram registrados nos últimos dias sete casos de adolescentes entre 13 e 14 anos que se cortaram com lâminas, supostamente influenciados pela série. O ato de se automutilar, está relacionado tanto ao jogo da baleia azul, que consiste em 50 desafios que culminam no suicídio, quanto à série da Netflix que conta a história de uma adolescente que comete suicídio.
Segundo Cassiane Campos Camargo, enfermeira do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), seis dos casos registrados na cidade aconteceram em uma escola estadual. As meninas que estudam na mesma classe usaram as lâminas dos apontadores de lápis para se cortar. O outro caso é de uma garota de 14 anos que tentou se suicidar tomando remédios.
BALEIA AZUL
O “desafio da baleia azul” é um jogo disputado pelas redes sociais, onde um “curador”, mentor, propõe ao jogador 50 desafios que vão desde a automultilação até o suicídio. O jogador deve fazer tudo o que o curador mandar e enviar fotos comprovando a realização.
Os jogadores em geral são crianças e adolescentes. O desafio começa de maneira “leve” – no início, são delegadas aos jogadores tarefas como assistir a filmes de terror, ouvir músicas psicodélicas e desenhar uma baleia azul em um papel. Conforme vai avançando, os participantes chegam a ser desafiados a se pendurarem em lugares altos e se automutilarem. O último desafio consiste em tirar a própria vida.
13 REASONS WHY (13 PORQUÊS)
Lançada no fim de março, a série da Netflix inspirada homônimo no livro de Jay Asher ,13 reasons why, conta a história do suicídio de uma adolescente narrando as razões pelas quais a garota diz ter sido levada a tirar a própria vida. Gravadas em fitas cassetes e enviadas postumamente, as mensagens responsabilizam os colegas de convívio pelo desfecho trágico. A série chega a exibir explicitamente a cena do suicídio da garota.
INFLUÊNCIA
A produção tem sido muito criticada por profissionais que garantem que a série influencia a prática do suicídio, assunto que não costuma ser disseminado, justamente para que não haja incentivo. Até mesmo a imprensa cumpre um acordo de não divulgar casos de suicídio, acordo este que nos últimos dias tem sido “quebrado”, devido a repercussão dos casos relacionados ao jogo e à série, a fim de alertar os pais de adolescentes.
A principal discussão e dúvida dos adultos é em relação a postura que deve ser tomada diante do acesso dos filhos à internet: proibir ou não?
De acordo com a psicóloga do CAPS, Milena Stival Cezaretti, a melhor forma de proteger o adolescente não é a proibição do uso da internet, mas o acompanhamento pelos pais. “A proibição não é positiva, pois gera curiosidade e enfrentamento. O melhor a ser feito é o acompanhamento e a orientação por parte dos pais ou responsáveis”, afirma.
A psicóloga ainda orienta os pais a acompanharem indícios como mudança de comportamento e isolamento dos adolescentes, procurando conversar com eles. “O diálogo é muito importante na prevenção”, completa.