Campinho


Publicado em 23 de janeiro de 2015

Nos anos 90, o gramado que há em frente ao estádio do CAUI era a alegria da garotada. Todo dia tinha jogo ali, e a diversão só não se estendia até tarde da noite porque, certa altura, já não tinha luz suficiente para ver a bola. Era aquele velho esquema: dois chinelos marcando traves, a cinco passos um do outro, cinco jogadores de linha e um no gol, um time com camiseta e outro sem.

Brinquei nesse gramado minha infância inteira. Nunca fui bom de bola, mas nunca deixei de participar. O importante sempre foi reunir os amigos e se divertir. Era lei entre a gente: antes de ir e depois de voltar da escola, tinha pelo menos meia horinha de jogo, exceto em dias de chuva, porque as mães não deixavam de jeito nenhum! Claro, também brincávamos de outras coisas, como esconde-esconde, taco, pega-pega e amarelinha, mas futebol não faltava. E sempre no “campinho”.

Dia desses, me lembrei desse tempo bom e fui dar uma volta pelo local. Fiz mais: dei uma boa volta pela cidade à procura de outros campinhos, dos que eu lembrava que existia e de outros que eu poderia encontrar ao acaso. E vi poucos, alguns com o mato bem alto, outros sem qualquer movimento. O do CAUI ainda está lá, mas diferente: parado, sem criança nenhuma.

Bom, você deve ter percebido que este texto traz lembranças de uma época boa que, infelizmente, não volta. Sim, é isso mesmo: tudo é fruto de seu tempo e tudo muda. É preciso aceitar que as coisas são assim.

Mas, se os tempos são outros, uma coisa me deixou instigado: onde está a maioria das crianças de hoje, se não está chutando bola ou brincando em campinhos de grama? Passa tanto tempo assim na internet?

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