Como nasceu Iracemápolis: uma bonita história!
Publicado em 3 de maio de 2019
Iracemápolis completa 65 anos de emancipação político-administrativa nesta sexta-feira (3). Com base no livro “Fatos e Retratos”, do professor José Zanardo, a Gazeta traz um resumo do início da história da “cidade lábios de mel”. Boa leitura!
O COMEÇO
No final do século 19, Santa Cruz da Boa Vista era um bairro que reunia cerca de 200 habitantes. Apesar do nome, era conhecido por “Bate Pau”, o que nada tem a ver com brigas, mas com a dança de escravos que se alojavam no Morro Azul.
Nesse lugarejo tranquilo, a década de 1910 ficou marcada por fatos que seriam o alicerce do lento progresso que chegaria. Em 1912, instalou-se a primeira escola primária, na Praça João Pessoa, com a chegada da primeira professora, a Dona Constantina Vaz.
Por volta de 1915, chegou a família Simões, vinda de Limeira. Logo depois, o Capitão Paulo Simões inaugurou a primeira farmácia, a “Farmácia Veado”. Em sua casa, Dona Auta de Oliveira, sua esposa, costumava coar café e receber os professores que vinham de fora, de trole, bem como políticos e amigos que procuravam a família.
Seu Barretinho e Sinhá Silveira foram donos do primeiro telefone da vila (em 1911) e de uma casa onde instalaram, em 1916, o primeiro armazém de secos e molhados.
A família Ometto chegou em 1918, quando comprou uma fazenda. Os responsáveis por ela eram João, Constante e José Ometto. A cana de açúcar foi o grande alicerce econômico! E, com os Omettos, veio a energia elétrica. Até então, a iluminação era feita por lampiões.
A população foi crescendo e, em 1923, o governador do Estado de São Paulo, Washington Luís, elevou o povoado à categoria de Distrito de Paz, que passou a se chamar Iracemápolis — homenagem ao coronel José Levy, proprietário da Fazenda Iracema, em cujas terras nasceu a vila.
SIGNIFICADO DO NOME
“Iracema” vem da língua indígena e quer dizer “lábios de mel”. “Polis” é de origem grega e significa “cidade”. Portanto, Iracemápolis é a “cidade lábios de mel”.
Seu habitante ficou conhecido como “iracemapolense”, mas o correto, de acordo com as normas da língua, seria “iracemapolitano”.
CRESCIMENTO
O Cartório foi aberto em 1924 e o primeiro registro ocorreu em 6 de agosto daquele ano, com o nascimento de Humberto Ferreira, filho de Luiz Ferreira e Maria Castro.
O primeiro casamento de Iracemápolis foi o de Joaquina de Godoy Castro (Dona Quininha) com o jovem Eunice de Azevedo, em 27 de setembro de 1924.
Em 1930, o Sr. Gaudino Gonçalves de Lima fez uma reivindicação de reserva de terras para o sepultamento de mortos, pois até então eles eram conduzidos em carroças para Limeira e Piracicaba. Em um terreno de 620 m², doado pelo Coronel José Levy, o Cemitério Municipal foi inaugurado naquele ano.
Em 1936, abre-se a primeira padaria, a “São José”. Logo depois, Antônio Guarino abriu uma loja de roupas, a “Porta Larga”. E veio o primeiro cinema, o “São José”.
COSTUMES
Nessa época, a Fazenda Iracema e o bairro da Cachoeira eram os grandes contingentes populacionais, com seu povo simples e trabalhador. Era comum as moças cortejarem os rapazes. Mas, namoro mesmo, só na frente dos pais!
No clubinho do Seu Joaquim Nolasco, os bailinhos eram animados. Missa só havia no primeiro domingo do mês até a criação da Paróquia Jesus Crucificado, em 1936.
No único estádio de futebol, aos domingos, aconteciam grandes partidas. Como não havia água canalizada, muitas mulheres iam ao Ribeirão Cachoeirinha lavar roupa. Afinal, a terra vermelha produzia, mas também dava trabalho.
PROGRESSO
Em 1937, Constante, Pedro, João, Luiz e Antônio Ometto fundam a Companhia Industrial e Agrícola Ometto, com o objetivo de instalar uma destilaria de álcool na recém adquirida Fazenda Iracema.
No mesmo ano, é criado o curso de alfabetização de adultos. O primeiro professor foi José Chinellato, que viria a ser, anos mais tarde, o primeiro prefeito de Iracemápolis.
O ano de 1944 foi um marco na educação. Foi inaugurado o Grupo Escolar de Vila, que mais tarde passou a se chamar Grupo Escolar “Antônio Cândido de Camargo”.
Fortalecia-se o comércio e o bairro já pretendia ser cidade. Em fins dos anos 1940, é aberta a Cooperativa Popular de Consumo, que por mais de trinta anos foi o maior e mais completo armazém utilizado pelo povo.
No início dos anos 1950, toda a área ocupada hoje pelo Centro era formada por chácaras e sítios, que eram a sobrevivência das famílias.
ENFIM, IRACEMÁPOLIS!
Muitos moradores batalharam pela emancipação do Distrito, mas não há dúvida de que a figura de Paulo Aparecido Simões foi de enorme importância. Na época, Paulo era vereador em Limeira e encaminhou uma moção requerendo a independência de Iracemápolis, o que veio a ser sua “certidão de nascimento”.
Com a emancipação, a cidade passou a ter vida própria e seus próprios prefeitos. De acordo com o que dispõe a lei nº 2.456, de 31 de dezembro de 1953, foi instalado no dia 1º de janeiro um novo município no Estado de São Paulo: Iracemápolis!