No dia seguinte…
Publicado em 11 de julho de 2014
No dia seguinte da derrota do Brasil para a Alemanha, e após uma boa noite de sono, tudo parecia ter sido um pesadelo. A certeza de que a derrota era realidade, viria ao ligar a TV, o rádio ou ao sair pelas ruas e ouvir os vários comentários indignados. Não é fácil aceitar que perdemos a Copa, mas como a paixão por um esporte pode alterar tanto a rotina e as emoções das pessoas?
O que influencia não é somente a modalidade esportiva, mas toda a expectativa que a Copa do Mundo trouxe ao povo brasileiro. A possibilidade de torcer pela Seleção Brasileira até o fim e concretizar o hexa dentro de casa, permitiram que em todos os momentos, por esse quase um mês, o povo brasileiro se lembrasse, por onde passasse, que o Brasil é lindo e que aqui habitam pessoas alegres, hospitaleiras… Tantas bandeiras, diversas demonstrações de verde e amarelo, unhas coloridas, pessoas que não tem paciência para assistir sequer o primeiro tempo de um jogo de futebol torcendo até os pênaltis…orgulho de ser brasileiro! (Desde que brasileiro vencedor!).
Vendo e ouvindo diversas coisas no “dia seguinte”, fiz algumas reflexões. A primeira é da intolerância à frustração. Tudo bem que uma derrota seria aceita, mas não da forma como aconteceu. Mas será que a derrota seria mesmo aceita? Independente da situação, o que não podemos aceitar são as atitudes violentas que ocorreram após o resultado do jogo (ou da Copa), como os saques, os veículos incendiados, as agressões físicas e morais. Pode até ser permitido pensar que não contribuímos com isso, estamos longe, então podemos ficar tranquilos! Mas quantas vezes em nossa vida não somos também “violentos” porque os resultados que esperávamos não acontecem? Como reagimos diante das frustrações? Amadurecemos ou buscamos culpados?
Esse é outro ponto que refleti: a busca por um culpado pelo resultado ruim. Saber de quem é a culpa pode até trazer um conforto, justificar a decepção, destinar a raiva, mas não resolve! Em nosso cotidiano, há casos em que os culpados somos nós e ainda assim depositamos no outro a responsabilidade. Isso é o mesmo que não admitir a derrota, o fracasso, o erro. Avaliar as falhas é diferente de culpabilizar algo ou alguém!
Diversas reflexões poderiam ser citadas acerca da conduta da população brasileira diante do misto de sentimentos que o jogo da Seleção causou, mas finalizo com as palavras que talvez mais foram ditas: “Vergonha do país!”. Talvez seja necessário repensar essa afirmação. Ter vergonha do resultado do jogo da Seleção Brasileira é bem diferente de ter vergonha do país onde mora. Cadê o patriotismo que até ontem estampava as ruas, as casas, os carros? Além do mais, existem outros motivos mais relevantes pelos quais a população brasileira pode se envergonhar ou se orgulhar…
Nosso Brasil precisa que continuemos atentos aos “resultados”, torcendo e lutando por ele, lutando por nós!
Sabrina Raquel Rosada de Oliveira Psicóloga clínica – CRP 06/101486 Atendimento a crianças, jovens e adultos.
Contatos: (19) 3456.1364 / 99735.3541