Dói, mas passa!


Publicado em 23 de julho de 2023

No laboratório de análises clinica a mãe terminava de fazer a documentação para os exames da filha enquanto a menina aguardava ansiosa na cadeira.

A pequena deveria ter no máximo 6 anos, mas já tinha aquele porte de mocinha que hoje a maioria das meninas têm. Com lindos cabelos longos e por trás dos óculos que vestia, seus olhos piscavam nervosos. A mãe se sentou ao lado da menina e juntas aguardaram.

– Ana Carolina – chamou a técnica. Vagarosamente a mãe e a menina se levantaram e se dirigiram para o local onde o sangue da pequena Ana Carolina seria coletado. Não demorou para se ouvir a menina falando com voz nervosa:

– Mãe, espera um pouco. Me deixa respirar um pouco, por favor. – pediu a menina. A técnica e a mãe ficaram aguardando. A técnica falando palavras de força e a mãe com o coração partido, como acontece com todas as mães ao ver o sofrimento de um filho. Alguns minutos depois:

– Calma mãe, calma, espera mais um pouquinho, por favor!

– Ana, minha filha, você já é uma mocinha, não precisa ter medo. É só uma picadinha! Não dá para ficar esperando, tem mais gente para ser atendida, filha.

– Ai mãe espera, espera! Ai mãe, ai mãe – clamava a menina. E dentre tantos “Ai mãe, ai mãe, ai mãe” o sangue foi colhido. Não havia nada que a mãe pudesse fazer. A pequena sofredora deve ter derramado algumas lágrimas, mas a picada foi tão rápida que os “Ai mãe” acabaram minimizando a dor.

Pobre menina. Ana Carolina mal sabe quantas picadas ainda vai sofrer na vida e da vida. E a mãe não vai poder fazer nada, ninguém vai poder fazer nada. Saindo da sala a técnica preparou um chocolate quente para a menina. Uns minutinhos depois o sofrimento foi esquecido. Que bom! Dói, mas passa.

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