Lugar perigoso para viver
Publicado em 26 de outubro de 2018
Na última quarta-feira, ao parar para almoçar e escrever esse texto, de repente na mesa, me peguei sentada sem comer nem escrever, apenas observando a chuvinha mansa que caía e ouvindo o som aconchegante que ela traz.
Engraçado e triste ao mesmo tempo perceber que a gente acaba correndo com tanta coisa, fazendo tudo no automático que nos perdemos de nós mesmos e do que nos faz bem. A chuva mansa faz bem, o som dos pingos faz bem…
Estamos vivendo dias tensos no Brasil. Nesse domingo termina o processo eleitoral e na segunda-feira já acordaremos sabendo quem será nosso presidente pelos próximos quatro anos. Estou feliz que tudo isso acabe logo… Ficou desgastante ouvir tanta bobagem, tanta noticia falsa de todos os lados, discussões, brigas, rompimentos de amizades e até laços familiares (por incrível que pareça!) por causa de candidatos e partidos.
Outro dia assisti a uma palestra onde um magistrado ressaltou por diversas vezes a afirmação de que “o mundo se tornou um lugar perigoso para se viver”. Concordo totalmente. Hoje não podemos falar mais nada, não podemos ter opiniões e argumentos sobre nada mais. Tudo ofende, tudo é preconceito, tudo é assédio, e acabamos vivendo acuados e como máquinas, trabalhamos, nos alimentamos, dormimos, trabalhamos de novo e assim sucessivamente. Isso quando conseguimos trabalhar e comer, porque num país assolado pela corrupção o que mais tem são desempregados e comida cada dia mais cara nos supermercados. Tudo faz a gente perder o sono.
Ficou desgastante!
E o desgaste é tão profundo que quando percebemos nem fazemos mais as coisas simples que gostávamos tanto de fazer, como cantar no banheiro, observar a chuva, as flores, apenas conversar sobre qualquer coisa com as pessoas, assobiar… Sei lá… Cada um sabe o que gostava de fazer e com o desgaste da vida não faz mais. Eu gostava de cantar no banheiro, faz tempo que não canto mais, pelo menos hoje observei a chuva, já é alguma coisa.
Espero que tudo certo no domingo. De qualquer forma, devemos continuar fazendo nossa parte. Muitas vezes a mudança que queremos no outro deve começar primeiro em nós.
Quero deixar aqui um abraço especial para o Sr. Valdemir Massola e na pessoa dele estender meu agradecimento a todos meus leitores pelo carinho que recebo nas minhas andanças do dia a dia.