Mentes abertas e mochilas gigantes
Publicado em 6 de fevereiro de 2015
Com os olhinhos cheios de curiosidade, a menininha chegou para o primeiro dia de aula e aguardava receosamente no pátio. Olhando-a por trás, por ser bem miudinha e carregando uma enorme mochila nas costas, só se via as perninhas da menina, parecia que a mochila tinha pernas e andava de lá pra cá. Era seu primeiro dia na escola, começava para ela uma nova etapa na vida.
Essa semana começou o ano letivo, e quando olhamos para tantas crianças que estão indo pra escola pela primeira vez, vemos pequenas pessoas de coração limpo e mente aberta para receber tudo o que a escola oferecer, e certamente a responsabilidade de todos que lidam com a educação, direta ou indiretamente, aumenta muito se levarmos isso em consideração.
A criança chega cheia de expectativas, muitas com medo, tímidas, algumas já bem extrovertidas, mas todas ainda com um espaço enorme na mente para ser preenchido com o conhecimento que a escola proporciona.
Quem são os que lidam com educação? Todos nós… Começa em casa com os pais, com a família, na escola com professores e funcionários, na cidade com gestores e governantes que fazem leis e proporcionam condições…
Nesse inicio de ano letivo, cabe a cada um de nós refletirmos o papel que estamos exercendo na vida desses pequenos seres humanos e como estamos colaborando com a formação de cidadãos críticos e conscientes de seus direitos e deveres. Cabe aos pais dialogar, educar seus filhos para o respeito ao próximo, às diferenças e acompanhá-los no desenvolvimento escolar; cabe aos professores acolher, ensinar e formar para a cidadania, cabe aos funcionários das escolas verem-se como educadores e colaborar no processo educativo das crianças com respeito; cabe aos gestores e governantes prover condições nas escolas, pensar a educação como o único caminho do desenvolvimento de uma cidade, de um país e ter atitudes que a privilegiem.
Por outro lado, se um casal não está preparado para essa responsabilidade de pais, então não tenha filhos; se um educador não está preparado para ensinar, se está cansado ou desanimado com a profissão, procure outro trabalho, o mundo é grande, ninguém é obrigado a viver infeliz; e se um gestor ou governante não tem condições de prover caminhos para uma educação de qualidade, cumprir as leis que precisam ser cumpridas para melhorar a educação de seu povo ou de sua área de gestão, se não pode separar um pouco de seu tempo para refletir e tomar atitudes práticas, se não pode sair de suas cadeiras e ver o que as escolas precisam, então não seja gestor, não seja governante… No mais, não vamos desperdiçar tempo e principalmente, não vamos desperdiçar mentes abertas para o conhecimento, para a cidadania, e mais que tudo, não vamos prejudicar crianças inocentes com suas mochilas gigantes ávidas por aprender, ávidas por crescer com dignidade, porque para isso não haverá perdão…