Mulheres não são chatas, mulheres estão exaustas
Publicado em 29 de janeiro de 2021
Se você fizer uma busca rápida no Google vai comprovar que este título é o que dá nome à obra da escritora Ruth Manus, que mostra em uma linguagem bem-humorada reflexões sobre os desafios da mulher na atualidade com destaque para o trabalho, maternidade, vida conjugal, padrões estéticos, entre outros.
A escritora foi certeira ao abordar nossa exaustão que intensificou depois do anormal 2020 que exigiu de nós um “novo normal” sem preparação nenhuma. Por alguns momentos muitas de nós imaginou que 2021 começaria diferente, mas não.
Seguimos enfrentando uma jornada tripla equilibrando a vida profissional, muitas vezes com o trabalho home office dividindo o mesmo local de trabalho com o marido, vida de mãe que se transformou em professora particular, vida de tutora porque os animais domésticos também exigiram mais atenção e a vida de dona de casa com o trabalho que aumenta tanto que parece o milagre de multiplicação de pães, só que no caso, é a multiplicação das louças e roupas pra lavar e todo o restante dos afazeres domésticos que nós conhecemos bem.
Uma pesquisa feita pelo “Women’s Forum”, com entrevistados dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), comprovou o alto impacto da crise do novo coronavírus no bem-estar feminino. Segundo os resultados do levantamento, as mulheres têm sido mais afetadas por estresse, medo e um sentimento de desamparo do que os homens desde o início da pandemia.
Esses resultados evidenciam o que falamos mensalmente por aqui. Somos herdeiras do sistema patriarcal e reproduzimos o que ele prega: mulheres devem ser cuidadoras e, portanto, devem zelar pelo estar de todos da casa, do marido, dos filhos, dos animais de estimação. E dela? Quem é que zela por ela?
É minha amiga, a triste notícia é que se você não cuidar de você, ninguém fará isso. Não é à toa que o autocuidado tem se tornado um assunto muito comentado nos últimos anos. Uma palavra nova que nada mais é do que a atividade de cuidar de si mesma todos os dias. É uma prática que mantém a nossa saúde física, aumenta a autoestima e cria uma relação de amor e carinho conosco.
É uma habilidade que exige paciência e determinação para se colocar como prioridade na sua vida. Não é egoísmo, é autoamor. Os filhos crescem e seguem sozinhos pela vida, os casamentos podem ser desfeitos, mas quando o amor e cuidado por você mesma já fazem parte da sua vida, os desafios se tornam menos dolorosos e a sua resiliência diante das adversidades da vida aumenta ainda mais.
Que neste ano a gente aprenda a nos colocarmos como prioridades da nossa vida. E isso não é apologia ao egoísmo ou à separação de casais. É apenas uma injeção de amor próprio que certamente vai melhorar todos os nossos relacionamentos, mas acima de tudo, a relação de você com você mesma.