O camisa 01
Publicado em 11 de dezembro de 2015
Esta semana tentei lembrar quando foi que comecei a torcer para o São Paulo. Não cheguei a uma data certa, mas sei que foi entre 91 e 92. Eu era um pivete de sete anos.
Foi curioso pensar nisso, pois me dei conta de que foi justamente quando o Rogério Ceni começou. Ele chegou ao clube em setembro de 90. Ou seja: criança, adolescente ou adulto, torci sempre para o mesmo goleiro.
Desde antes de o Zetti sair do São Paulo, em 96, eu já acompanhava o Rogério. Ele era o goleiro do “expressinho”, uma espécie de time B do São Paulo formado só por reservas e jogadores da base. E tinha ficado tanto tempo na reserva, esperando sua chance, que isso soava meio heroico. Quando enfim sua oportunidade chegou, não houve um são-paulino sequer que não torceu por ele. Por ter esperado e se preparado tanto, merecia o posto mais do que ninguém.
Ao passo que fui crescendo, continuei o admirando, mas os motivos foram se alterando. A cada entrevista, ele sempre se mostrou sério e consciente. Sempre foi conhecido por chegar meia hora antes de todo mundo nos treinamentos. Em uma preleção, ele disse: “A sorte acorda com a gente todo dia, desde que levantemos às 7h da manhã para trabalhar”. Sobre os momentos finais da carreira, vi um vídeo onde ele dizia: “Os dias às vezes demoram para passar, mas os anos não, esses passam bem depressa”. E isto foi dito por ele em uma entrevista: “O seu talento jamais pode ser maior do que a sua vontade”.
Depois de 1237 jogos, 131 gols, inúmeros títulos e 25 anos de clube, chegou a hora de ele parar. Hoje, no Morumbi, mais de 60 mil pessoas vão vê-lo pela última vez em campo. Tanta gente num estádio num jogo amistoso mostra o quanto ele foi importante para o esporte.