Páscoa e o… coelhinho da Páscoa?

Primeiramente, este texto não tem a pretensão de entrar no importante significado e sentido da Páscoa, principalmente para os cristãos que têm a plena convicção de que a Páscoa vai muito além do coelho que “bota” os ovos de chocolate.

No entanto, não há como dissociar Páscoa, criança e o coelhinho da Páscoa. O coelho está em todas as lojas, nas escolas, nas propagandas e no imaginário de muitas crianças…

Mas, quando contar para a criança que o coelho da Páscoa não existe? Que coelho não bota ovos? Muito menos de chocolate…?

Embora possa parecer confuso, a criança lida muito bem com as fantasias. Aliás, ela precisa dessas fantasias para viver em um mundo que ela não compreende muito bem o significado. As fantasias infantis são importantes para o desenvolvimento e amadurecimento de toda e qualquer criança. Enquanto brinca, ouve uma história, procura os ovos de chocolate no ninho, a criança está se desenvolvendo. Está sendo criança!

Trabalhando diretamente com esses “pequenos”, cheios de vontades e opiniões, é possível observar como eles estão cada vez mais envolvidos em um mundo “adultizado”, em que a fantasia não é tão valorizada e rapidamente descobre-se que o coelhinho não existe. Eles até riem de quem pergunta sobre esse personagem peludinho! Tudo bem, as crianças são e podem ser espertas, saberem que é tudo uma simbologia, mas e o doce sabor da infância? Onde fica?

Considerar a importância das fantasias para a criança não significa que a família deva deixar de transmitir seus valores, suas crenças da “Verdadeira Páscoa”; tampouco significa que a criança deva ser podada de seu direito de imaginar, fantasiar, esperar pelos ovos de chocolates (botados por ninguém). Isso tudo faz parte dessa fase da vida.

Não é necessário que nenhum adulto faça o papel de desconstruir as fantasias das crianças. Livre para desenvolver seu raciocínio e percepção, a própria criança passa a se questionar sobre coisas que não fazem mais sentido, e aí sim, o adulto poderá responder seus questionamentos, de maneira tranquila, para que ela compreenda e não se frustre ao descobrir que ela nunca precisaria ter seguido as pegadas do coelhinho da Páscoa…

Sabrina Raquel Rosada de Oliveira
Psicóloga clínica
CRP 06/101486
Atendimento a crianças,
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