“Pedrinhas” no sapato


Publicado em 24 de janeiro de 2014

(imagem retirada da internet)

(imagem retirada da internet)

Ai meu Deus, lá vêm eles de novo! Lá vêm eles de novo! Leitores (as) espero que vocês não tenham sido mais um (a), a ter a oportunidade única e “mediúnica” de ver as imagens gravadas pelos detentos do presídio de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão. Obviamente, as vi por que quis, por opção, estão lá, disponíveis na Internet. E as vi de caso pensado, para analisa-las, para refletir sobre. E o que me foi apresentado é qualquer coisa de filme de terror americano, daqueles bastante, mas muito, muito mesmo, sanguinários. “Quentim Tarantino” adoraria ter produzido aquilo no cinema. Infelizmente não trata-se de cena montada, apesar de que, pelo áudio, os produtores de tal carnificina primarem por certa ordem de disposição ou enquadramento da câmera. Acontece que ali não tem dublês de corpo, não tem maquiagem falsa, não tem boneco. São seres humanos, degolados, decapitados nadando em poças de sangue.

Hoje mata-se por nada. A morte não espanta mais ninguém. Aliás a morte é um tipo de fetiche humano. Aqui mesmo, na nossa cidade vemos o gosto das pessoas em ver a desgraça dos outros. Como dizem, as pessoas tem “sangue no zóio”. É o espetáculo da morte gratuito, o rapaz assassinado perto da rodoviária, o rapaz atropelado na avenida, o outro que se matou.

A desgraça da ibope. A televisão fala de morte diariamente e muitas vezes descaradamente. Já em tempos de internet ficou tudo mais democrático e fácil. O celular é a nova ferramenta para divulgação on-line da desgraça alheia. Que legal, olha o atropelamento ali na frente. Corre, tira foto com o celular. Olha aqui, a perna do cidadão separada do corpo, olha quanto “miolo espalhado”.

E julgamentos não faltam por parte dos vivos ou sobreviventes. Porque do jeito que a coisa anda estamos mais é lutando para sobreviver. Os comentários dão asas à imaginação. São impressões do acontecido. Você viu, disse que… e a criação e invenção correm soltas na boca pequena.

E assim caminha a humanidade, construindo um legado de sangue vendido a baixo custo, engarrafado nas prateleiras dos supermercados. É só o que falta. Conflitos na Síria hoje, Word Trade Center ontem, conflitos de cunho religioso, discussão no trânsito, torcidas organizadas, fanáticos políticos, briga de vizinhos. Matamos-nos cada vez mais e cada vez por muito pouco. Vou dar um “Rolezinho” no “Shooping paraíso” dos ricos para ver se encontro paz, mas até lá o “bicho ta pegando”. São as “Pedrinhas” no sapato da sociedade, os pobres, os deseducados, os marginalizados, os excluídos…

Deixe uma resposta

Você precisa fazer o login para publicar um comentário.