Um novo olhar
Publicado em 2 de maio de 2014
De tempos em tempos acontecem coisas tão horríveis que nos deixam tristes e nos fazem repensar a vida e mudar. Uma dessas coisas que entristeceu a sociedade toda no começo do mês foi o caso do menino Bernardo. Deixando de lado todos os detalhes cruéis que compõem o enredo dessa história macabra, o que nos resta ao final é refletir.
A todo o momento temos pessoas ao nosso redor: no trabalho, nas situações do dia a dia, em casa com nossos amigos e familiares e muitas vezes a convivência se torna tão comum, existe a luta diária para sobreviver, a preocupação com tantas coisas de nós mesmos, misturadas com os poucos momentos de felicidade total e aquela coisa de “cada um com seus problemas”, que acabamos ignorando os pedidos de socorro que nos chegam.
O menino Bernardo estava há tempos pedindo socorro com seus olhos, seus gestos e atitudes e ninguém notou, ou notou e não achou que era tão sério, ou notou e não quis se envolver ou simplesmente foi mais fácil ignorar.
Se abrirmos mais nossos olhos, certamente vamos detectar pedidos de socorro dos mais diversos: família, amigos, conhecidos e até desconhecidos que vemos pelas ruas, muitas vezes estão pedindo socorro e a gente nem nota, ou prefere não notar por não ter tempo de parar nossa própria vida em detrimento a outra.
Educadores tem grande responsabilidade também nas escolas, onde tantas crianças partilham o mesmo espaço, muitas nos pedindo socorro diariamente.
O convite que faço a todos nós, a partir da triste lição do menino Bernardo, é que tenhamos um novo olhar para todas as pessoas, principalmente para as crianças, também um novo falar. Que não venhamos a ser pedra de tropeço para essas vidas com palavras ou atitudes que com o tempo podem se tornar lembranças amargas e fardos pesados de se carregar. Que possamos nos especializar e aprender a sermos todos “socorristas de plantão”. Precisamos socorrer e ser socorridos… Provavelmente essa deve ser a melhor coisa a fazer, no momento.