Um show de horror


Publicado em 25 de março de 2019
Facebook: Graziela Félix  Instagram: grazifelix

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Estamos no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher e, apesar de muitos avanços que merecem ser comemorados, ainda estamos no começo de uma luta que somente agora tem ganhado a repercussão que merece.

Na última semana de fevereiro, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou um dado alarmante: pelo menos 126 mulheres foram mortas no Brasil somente em 2019. Alguns registros de agressão, por sorte, não viraram dados de feminicídio e é justamente um desses casos que quero pedir pra você refletir comigo.

O fato aconteceu no Rio de Janeiro. A empresária Elaine Perez Caparroz, de 55 anos, foi espancada dentro do apartamento dela por aproximadamente quatro horas pelo lutador Vinícius Batista Serra, de 27 anos. O Brasil todo viu que o rosto da mulher ficou totalmente desfigurado, hematomas tomaram conta do corpo todo, isso sem falar nos traumas psicológicos que ela sofreu.

E como não bastasse ter visto a morte de perto, Elaine teve que lidar com outro opressor: o julgamento humano. Os mais variados absurdos circularam pelas redes sociais e ganharam força: “a culpa foi dela, quem mandou ir atrás de um cara mais novo!”; “foi procurar namorado em aplicativo de namoro, deu nisso”; “mas ela foi levar o cara pra casa dela, procurou por isso” e outros milhares de julgamentos feito por “corajosos” que se escondem atrás da tela no celular ou computador.

Cada vez que lia um comentário deste tipo, uma revolta tomava conta de mim. Meu Deus, no que os seres humanos estão se transformando?

Entendam de uma vez por todas: a culpa nunca é da vítima! Nunca!

Quem foi estuprada não pediu pra ser estuprada só porque estava usando uma roupa curta!

Quem foi espancada não procurou isso só porque contrariou o companheiro!

Quem é assediada e denuncia não está fazendo mimimi!

Quem foi morta pelo ex não pediu pra morrer só porque terminou o relacionamento!

Este show de horror que ganha destaque nas redes sociais cada vez que um feminicídio ocorre, precisa acabar. Não seja conivente com este tipo de comportamento. É possível mudar essa realidade, vai demorar, eu sei. É uma luta árdua, mas sabemos que juntas somos mais fortes.

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