O vazio das “provas dos índices”
Publicado em 14 de novembro de 2014
Essa semana, por volta de 2,1 milhões de alunos da rede pública de ensino brasileira (2º, 3º, 5º, 7º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio) fizeram as avaliações do SARESP, cujo objetivo principal é medir o aprendizado dos mesmos.
É excelente ter um instrumento que possa aferir a qualidade do ensino, mas muito mais interessante seria oferecer ações práticas para melhorá-lo. O resultado do SARESP vai sair só no ano que vem. Até lá, a vida segue nas escolas.
O SARESP e as tantas provas que aparecem pelo caminho do aluno, além das que ele já faz na escola, são insignificantes se não trouxerem propostas de intervenção e ações práticas. Fica muito fácil no conforto de uma cadeira macia encaminhar uma papelada montada para avaliar o que cada professor, cada escola já sabe. Não dá pra se avaliar o que não se vê, do que não se participa. É muito bonito olhar de fora e delegar.
Ao ser obrigada a aplicar avaliações externas a seus alunos, a escola e seus envolvidos tem o direito de receber os índices, juntamente com novas propostas e ações de intervenções para que possam todos se sentar e diante de sua realidade, refletir e auxiliar o aluno da melhor maneira possível. Fora disso, a realidade é o vazio. Fala-se muito, faz-se pouco. Fica aquela brecha da promessa de um projeto milagroso para o próximo ano. E então é mais um ano perdido…
Infelizmente, a Educação carece de novos projetos, novos olhares, visitas às escolas e estudos das suas diferentes realidades, de suas necessidades. A escola precisa de ações concretas, não de mais papel; os professores precisam de formação em serviço que lhes é garantida por Lei e valorização do trabalho bem feito; os alunos têm direito a uma educação de qualidade que não se baseia em provas apenas; os pais precisam ter um tempo para sentar com seus filhos e acompanhar um dever de casa, cobrar uma leitura, compartilhar conhecimento.
Educação é um trabalho de parceria, e é com certeza um trabalho presencial. Exige a presença de boas políticas públicas, de gente capacitada para formar, de professores capazes de ter um novo olhar, planejar e mudar o plano se necessário, e pais comprometidos com o ensino dos filhos. Fora disso, veremos alunos formatados, enfileirados dentre os montes de papéis que vão acabar depois nos lixos, treinados para as “provas dos índices”, porém despreparados para as provas do dia a dia, onde se precisa além de ler, pensar, ter opiniões próprias para ser cidadão.
E mais um ano letivo vai terminando… É mais papel pro lixo!
Por Giseli Fazanaro Casimiro