Tentativas de suicídio aumentam; Saúde liga alerta e reforça atendimentos


Publicado em 26 de fevereiro de 2021
Dr. Luis e Cassiane integram equipe de atendimento do CAPS (Foto: Vinicius Figueiredo)

Dr. Luis e Cassiane integram equipe de atendimento do CAPS (Foto: Vinicius Figueiredo)

Por Vinicius Figueiredo

Covid-19 e dengue não são as únicas ocorrências que vem preocupando as autoridades de saúde em Iracemápolis. O crescente número de pacientes que tentam o suicídio chamou a atenção do Coordenador de Saúde, Juvenal Chiocheti, que fez o alerta na sessão da Câmara Municipal na última segunda-feira (22).
De acordo com a coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Cassiane Campos Camargo, o número de ocorrências cresceu mais de 50% em 2020. A faixa etária dos pacientes vai de 13 a 50 anos e engloba as mais diferentes situações socioeconômicas.
“Precisamos investir na prevenção para evitar que a pessoa chegue a esse ponto”, afirmou o psiquiatra Luís Antônio Navas, que aponta que o pré-diagnóstico pode ser feito por familiares e amigos próximos da pessoa, “geralmente começa com uma ansiedade, que quando não é tratada pode se transformar em angústia e evoluir para o isolamento, que é o maior sinal dessa depressão. Quando a pessoa não quer conversar, se sente deslocada e se tranca no quarto, aí é o grande problema, temos que tratar essa depressão para que não se transforme em algo mais sério”, comentou.
De acordo com o psiquiatra, o atendimento público de saúde precisa melhorar a triagem dos pacientes, oferecendo o apoio psicológico desde a primeira consulta no posto de saúde. “Vai muito de diagnosticar o que acontece ‘lá embaixo’, no início, para depois ver o que acontece ‘lá em cima’, quando chega no CAPS. Precisamos ver o que está sendo desenvolvido para evitar isso, para dar suporte para a população. A partir daí podemos traçar o perfil desse atendimento”, afirmou.
A pandemia e o isolamento social causaram um aumento em casos de doenças psicológicas no mundo todo e no Brasil não foi diferente. Um estudo realizado entre março e maio de 2020, pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), Unicamp e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), chamado Convid Comportamentos, entrevistou cerca de 45 mil brasileiros pela internet e constatou que 40,4% das pessoas tiveram sentimentos de tristeza ou depressão e 52,6% dos entrevistados afirmaram experimentar sentimentos de nervosismo e ansiedade.
Cassiane comentou que um dos principais empecilhos para quem busca ajuda é o preconceito. “Às vezes a pessoa sabe o que tem que fazer para buscar ajuda, mas não o faz por medo de como a sociedade vai enxergá-la. Precisamos combater esse preconceito”, afirmou. A coordenadora ainda ressaltou que apesar das dificuldades com a pandemia, os atendimentos de rotina tiveram um aumento de 40% em 2020.

Atendimento gratuito
O CAPS oferece atendimento gratuito a população e de forma espontânea, ou seja, não necessita agendamento no primeiro acolhimento. Segundo Cassiane, o interessado no atendimento também pode se consultar com os clínicos dos postos de saúde e solicitar o encaminhamento ao atendimento do centro de apoio.
“Quando é necessário, nós damos encaminhamento para outros órgãos como o CREAS e CRAS, além de fazermos o monitoramento com as consultas, que podem ser semanais”, encerrou.
A Prefeitura anunciou que o atendimento ambulatorial para a saúde mental foi retomado essa semana. Ele acontece no CESMI, às terças-feiras, e necessita de encaminhamento do médico do posto de saúde. De acordo com a nota divulgada pela Prefeitura, essa ação complementa o serviço ofertado no CAPS.
O CAPS em Iracemápolis fica localizado atrás do Pronto Socorro Municipal e pode ser acessado pela Rua Valentim de Oliveira. Os atendimentos funcionam de segunda a sexta, das 7h às 16h. O telefone de contato é 3456-7079. A equipe do CAPS conta com um psiquiatra, duas psicólogas, uma assistente social e uma enfermeira.

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