A gaveta do futebol


Publicado em 28 de agosto de 2015

Todo mundo tem uma caixa de arquivos no cérebro, onde é possível guardar os momentos que foram realmente importantes, como polaroides que, se não impecáveis, estão em bom estado. Fica tudo ali: os amores, os bichos, as músicas, as paixões e as circunstâncias.

É como um ficheiro, desses que se vê em escritórios. E sempre há uma gaveta ou outra sendo aberta, revirada. A gente rememora coisas que foram essenciais e confere se ainda estão em ordem — e acaba guardando outras lá dentro.

Em meu caso, há uma gaveta só para futebol. Posso dar exemplos do que existe ali: as peladas no campinho da feira, um gramado que havia na João de Freitas, próximo ao Centro, as partidas que disputei no JOFE (os Jogos de Férias do CRECI) e os torneios com os amigos de infância no estádio do CAUI. Quantas esfoladas no pé, boladas e trombadas! Mas nenhuma traz lembranças dolorosas; ao contrário, foram ótimas razões para amizades e tantas coisas legais.

Tomei gosto pela leitura ainda criança. Lá pelos nove anos, recortava jornais e colava na parede do quarto as defesas do Zetti publicadas. Eu era muito fã, jogava almofadas no chão e tentava imitá-lo. Acredite: em meu mundo infantil, eu era melhor que ele! Depois fui crescendo e passei a gostar de biografias e a me interessar pelos bastidores do esporte. A literatura esportiva não é vasta no Brasil, mas tem obras bem legais. Das que li, gostei de “Estrela Solitária”, de Ruy Castro sobre Garrincha, e “Maioridade Penal”, de André Plihal sobre Rogério Ceni.

Enfim, conto isso só para dizer que, já adulto, entendi o que Albert Camus, um importante escritor, quis dizer ao declarar: “O que mais sei sobre a moral e as obrigações do homem devo ao futebol”.

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