Asa Branca e Sucupira


Publicado em 12 de junho de 2015

Não faz tempo, o canal Viva reprisou uma das maiores novelas da TV brasileira: “Roque Santeiro”, escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva. Se você viu a reprise, ou assistiu a exibição original, de 1985, deve se lembrar de personagens como Florindo Abelha, Zé das Medalhas, Roberto Matias, Professor Astromar (que diziam virar lobisomem), Padre Hipólito e Viúva Porcina, além, é claro, do fazendeiro Sinhozinho Malta, o coronel do bordão “Tô certo ou tô errado?”, interpretado pelo genial Lima Duarte.

Asa Branca, a cidade onde tudo se passa, é bem divertida. Pelas ruas, há sempre uma história rodando com facilidade, além de casos tão impagáveis quanto corriqueiros. A população cobra progresso, mas temerária com o que isso pode acarretar. Fica atônita, por exemplo, por causa da inauguração de uma boate que, com o passar do tempo, vai mudando os costumes locais.

José Wilker viveu o papel principal, um sujeito que, ao voltar para a cidade, causa preocupação em alguns poderosos que foram beneficiados com a sua partida tempos antes. Nessa muito bem escrita trama, a classe política é um show a parte, com seus acordos sempre mirabolantes. Para ela, não há nada que o povo precise saber, a não ser aquilo que, por lhe trazer vantagens, ela mesmo autoriza.

Vendo hoje, três décadas após as filmagens, os absurdos de Asa Branca ficam ainda mais cômicos. Assim como os de agora, em lugares não muito diferentes, como Iracemápolis, ficarão daqui algum tempo em matéria de política.

Embora, nesse quesito, hoje nossa cidade é muito mais parecida com Sucupira, de “O Bem Amado”, também de Dias Gomes.

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