Histórias que nos trouxeram até aqui


Publicado em 9 de janeiro de 2015

Quando jovens, temos a mania de pensar que sabemos de tudo. Lembro que aos 15 anos eu tinha um monte de certezas — e nada era problema, tudo se resolvia dentro de minhas teorias. Aí passa o tempo e a gente percebe que não é bem assim. Enfim, amadurecemos.

Somos frutos da história construída pelas gerações anteriores, e é por isso que gosto de ouvir os mais vividos. Com o passar dos anos, aprendemos que ao ouvir os mais velhos deciframos muitas coisas. Gosto, por exemplo, de saber o que têm a falar sobre a cidade onde cresci.

Há algum tempo, escrevendo para a revista “Autêntica”, me vi com a tarefa de fazer um texto sobre a senhora Laide Blumer, de 90 anos, muito conhecida por aqui como “Vó Laide”. Reunindo os dados, vi de novo o documentário “A Voz do Passado”, sobre a história de Iracemápolis, feito em 2008 pela Stoneworks Filmes. Ela aparece na filmagem e a fecha com chave de ouro, ao contar casos deliciosos de décadas atrás. A escolha dos diretores Henry Villela, André Martinatti e Giovane Friol não poderia ter sido melhor: com sabedoria, ela relembra os primeiros bairros, as ruas de terra, o antigo comércio e a vida pacata daqueles tempos.

“De noite, a gente sentava na porta de casa com as amigas para conversar, porque nem rádio tinha”, conta. Os momentos culturais não ficam de fora: “Quando a gente ia ao baile, o cavalheiro dava uma rosa para dançar com a moça”. E encerra cantando “Saudades de Matão”, bonita valsa que foi sucesso na voz do cantor Carlos Galhardo nas décadas de 40 e 50 e nos bailes de outrora.

Usei o exemplo dessa simpática senhora para dizer que, com os idosos, é sempre assim: sabedoria e encanto remontando a vida. É sempre uma lição. Eles são a memória viva de nosso tempo e carregam as histórias (tristes, felizes, amargas, bonitas) que nos trouxeram até aqui.

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