Iracemápolis: 62 anos de história!


Publicado em 29 de abril de 2016
Praça João Pessoa, que deu origem à Praça da Matriz

Praça João Pessoa, que deu origem à Praça da Matriz

Iracemápolis completa 62 anos de emancipação político-administrativa na próxima terça, dia 3. Antes de a cidade se emancipar, havia uma vila em seu lugar, chamada Santa Cruz da Boa Vista. Esta vila está completando 125 anos de fundação.

A Gazeta faz aqui uma homenagem à cidade, por meio de fotos e dados históricos.

O texto é adaptado do livro “Iracemápolis: Fatos e Retratos”, de José Zanardo. Todas as informações, inclusive as imagens, são da obra.

Boa leitura!

O começo de tudo

Iracemápolis foi fundada em 1891, um ano após o Sr. José Emídio, um rico fazendeiro da região, doar cerca de dois alqueires de terra para formar o povoado de Santa Cruz da Boa Vista.

Em 1892, aparece a figura de Dr. Antônio Cândido de Camargo que, deslocando-se de Limeira, vinha à vila socorrer os enfermos. Sabe-se que as crianças nasciam pelas mãos prodigiosas das parteiras. A mais famosa foi Dona Margarida Macota que, entre os anos 20 e 60, foi responsável pelo nascimento de boa parte da população iracemapolense. Os médicos eram caros e o preço da consulta no campo dependia da distância em relação à cidade. O valor variava de 15 a 20 mil réis.

A década de 1910 foi marcada por fatos que seriam o alicerce da vida urbana. Em 1912, instalou-se uma escola primária, na Praça João Pessoa, com a chegada da primeira professora, Dona Constantina B. Vaz. Por volta de 1915, chegou a família Simões vinda de Limeira. Logo depois, o Capitão Paulo Simões inaugurou a primeira farmácia, a “Farmácia Veado”. Em sua residência, Dona Cota (Auta de Oliveira Simões), sua esposa, costumava coar um café para os professores que vinham de fora, de trole, bem como políticos e amigos.

A família Ometto chegou em 1918, ao comprar a Fazenda “Aparecida”. João, Constante e José Ometto eram os responsáveis pela fazenda. Foram os Ometto que trouxeram energia elétrica à vila. Até então, a iluminação era por lampiões.

A população foi crescendo, e o governador do Estado, Washington Luis, elevou o povoado à categoria de Distrito de Paz. Com isso, o povoado passou a se chamar Iracemápolis, em homenagem ao Coronel José Levy, proprietário da Fazenda Iracema, em cujas terras nasceu a vila.

“Iracema” provém da língua indígena e quer dizer “Lábios de Mel”. “Polis” é de origem grega e significa cidade. Assim, Iracemápolis é a “cidade Lábios de Mel”.

É também nesta época que passou a circular o trole, que vinha do Bairro do Ponto, onde sempre eram trocados os animais. Os irmãos Girólamo, Duvílio e Antônio Ometto faziam o transporte.

Crescimento

O Cartório de Registros e Anexos foi aberto em 1924. O primeiro registro de nascimento ocorreu em 6 de agosto daquele ano, com o nascimento de Humberto Ferreira, filho de Luiz Ferreira e Maria de Castro.

No mesmo mês, no dia 29, registrou-se o primeiro óbito. Tratava-se de Sebastiana Maria da Conceição.

O primeiro casamento foi de Joaquina de Godoy Castro (Dona Quininha) com Eunice de Azevedo, em 27 de setembro de 1924.

Em 1930, o Sr. Gaudino Gonçalves de Lima fez uma reivindicação para que se fizesse uma reserva de terras para sepultamentos. Em um terreno de 620 metros quadrados, doado pelo Coronel José Levy, o Cemitério Municipal foi inaugurado em 7 de abril do mesmo ano.

Em 1932, a Usina Boa Vista, dos Irmãos Ometto, produz as primeiras 16 mil sacas de açúcar, aumentando os empregos e o fortalecimento da economia.

Por volta de 1935, foi formada a Corporação Musical “João Guilherme”. Os primeiros instrumentos foram adquiridos com dinheiro arrecadado em uma festa. A sede da banda ficava na Praça e o primeiro maestro foi o Sr. Hermínio Tamazzi.

Em 1936, abre-se a primeira padaria, a “São José”. Logo depois, Antônio Guarino abriu uma loja de roupas e armarinhos, a “Porta Larga”.

O Distrito tinha cerca de quinze casas ao redor da Praça. A Fazenda Iracema e o Bairro da Cachoeira eram os grandes contingentes populacionais rurais, com seu povo simples, que se deslocava para a vila para as compras domésticas. Era comum as moças contornarem diversas vezes a Praça para cortejarem os rapazes. No clubinho do Seu Joaquim Nolasco, os bailes eram animados.

Missa só havia no primeiro domingo do mês, até a criação da Paróquia de Jesus Crucificado, em 1936. Em frente à Capela havia um terreno cheio de mato. Só para os dias de festas é que se fazia o roçado da Praça, cercada de arame para evitar a invasão de animais.

Viva o progresso!

Em 1937, Constante, Pedro, João, Luiz e Antônio Ometto fundam a Companhia Industrial e Agrícola Ometto, com o objetivo de instalar uma destilaria autônoma de álcool na recém-adquirida Fazenda Iracema. Novamente, a economia da cidade cresce.

Em 1946, a Usina Iracema produziu seus primeiros sacos de açúcar. Fortalecia-se o comércio e o bairro já pretendia ser cidade. O ano de 1944 ficaria marcado na área da educação. As escolas isoladas existentes se agruparam e foi inaugurado o Grupo Escolar de Vila Iracemápolis, que mais tarde passou a denominar-se Grupo Escolar “Antonio Cândido de Camargo”.

Em fins dos anos 40, é aberta a Cooperativa Popular de Consumo, que, por mais de trinta anos, foi o maior e mais completo armazém de secos e molhados da cidade.

No único estádio de futebol, aos domingos, aconteciam as grandes partidas, prestigiadas também pela torcida feminina. Como não havia água canalizada, muitas mulheres se serviam do Ribeirão Cachoeirinha para lavarem roupas, que eram fervidas em latas grandes. Afinal, a terra vermelha produzia, mas também dava trabalho.

Já as correspondências vinham de Limeira no carro do Sr. João Casimiro. Toda área ocupada hoje pelo centro da cidade era formada por chácaras e sítios bem cuidados, que eram a sobrevivência das famílias.

Em 31 de dezembro de 1953, com cerca de 5 mil habitantes, a cidade é emancipada política e administrativamente. A sede e parte da antiga Fazenda Morro Azul passam a pertencer ao município, e o padroeiro da vila, São Sebastião, é substituído por Jesus Crucificado.

Em 1°. de janeiro de 1955, é instalada a Câmara Municipal e nomeado o Sr. José Chinellato como primeiro prefeito, tendo o Sr. Luiz Ometto como vice. Com isso, a cidade passou a ter vida e administração próprias.

Muitos moradores batalharam pela emancipação, mas não há dúvidas de que a figura de Paulo Simões foi a alavanca de todo o processo. Paulo era vereador em Limeira e, em 1953, encaminhou uma moção requerendo a independência de Iracemápolis, a qual veio a ser a “Certidão de Nascimento” do município.

Vista da Rua P. Chinellato de cima da torre da Igreja Matriz

Vista da Rua P. Chinellato de cima da torre da Igreja Matriz

Momentos marcantes

Depois de se emancipar de Limeira, a cidade não parou mais de crescer. No ano seguinte, em 1954, foi inaugurada a nova Paróquia de Jesus Crucificado. Em 1955, foi instalado o Centro de Saúde. Em 1957, foi fundada a atual Praça da Matriz.

Em 1958 foi inaugurada a Delegacia de Polícia e a Cadeia Pública, onde atualmente funciona a Unidade Básica de Saúde “Dr. Ângelo Arlindo Lobo”. Nesse mesmo ano, foi construída a Estação de Tratamento de Água. Assim, foi possível que todas as casas tivessem água tratada.

Toda a cidade foi asfaltada em 1960. Em 1962, foi inaugurada a primeira igreja evangélica, a Assembléia de Deus, na Rua Dona Auta de Oliveira Simões.

Em 1966 foi criado o Ninho Maternal Nossa Senhora de Belém. Iniciou suas atividades em 15 de junho de 1966 e, em 6 de julho de 1969, mudou-se para a Rua Antônio Joaquim Fagundes, passando a denominar-se Creche “Lar Constante Ometto”.

No ano seguinte, dia 25 de março, foi inaugurada a escola Cesarino Borba. Em maio de 1980, o Pronto Socorro e o Paço Municipal. Em 1981, foi criada a escola “João Ometto”. Em 1985 foi inaugurado o Velório Municipal.

A presença importante da indústria açucareira cumpre o papel de dar à cidade um lugar de destaque. A Usina Iracema tornou-se uma das mais modernas do país.

Iracemápolis hoje

Após 62 anos de emancipação, Iracemápolis mantém a qualidade de vida. O município é um dos destaques do interior paulista, com 100% de abastecimento de água nas residências, esgoto bem tratado e distribuição de energia elétrica.

Seu povo trabalhador sofre interferências diversas, mas, mesmo assim, a cidade ainda preserva suas raízes.

A população é estimada em 22.191 habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações são da Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais e estão disponíveis no portal oficial do Instituto na internet.

Por toda a história relatada aqui, parabéns a todos os iracemapolenses!


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