“Jornal de Iracemápolis” foi publicado por duas décadas

Periódico foi o primeiro da cidade e o único em seu período


Publicado em 5 de agosto de 2016

Por Deivid Teixeira
e Mayta Castilho
Especial para a Gazeta

Por mais de 20 anos, os moradores de Iracemápolis tiveram um único veículo de comunicação à disposição com conteúdo 100% sobre a cidade. O “Jornal de Iracemápolis” foi publicado de 1977 a 1998 e, assim, representa o maior arquivo histórico que temos sobre o período.

João Renato mostra edição de número 4, publicada em 77 (Foto: Gazeta de Iracemápolis)

João Renato mostra edição de número 4, publicada em 77 (Foto: Gazeta de Iracemápolis)

O professor João Renato Alves Pereira, 66 anos, é figura central nessa história. Foi ele que coordenou o jornal durante todo o tempo, como responsável pela linha editorial, redação, revisão e direção fotográfica. A Gazeta o recebeu na última terça. Ao jornal, “Seu João” falou sobre a comunicação naqueles tempos.

Início

Natural de Dois Córregos, João Renato teve a primeira experiência jornalística em sua cidade natal, quando começou, com 17 anos, a escrever uma coluna para o jornal “O Democrático”. O convite veio do diretor Carlos Nascimento, que viria a ser um dos maiores nomes do jornalismo no país.

Quando chegou em Iracemápolis, em 72, João trouxe a experiência consigo. A convite do prefeito da época, o Sr. Virgínio Ometto, e do Dr. João Guilherme, começou a dirigir o recém-fundado “Jornal de Iracemápolis”, em 77.

Com tiragem quinzenal de cinco mil exemplares (uma enormidade para a época), o jornal de quatro páginas teve papel fundamental para a comunicação local por duas décadas, quando circulou em mais de 300 edições.

Outros tempos

Fazer um jornal naquele tempo era muito difícil. A tecnologia não era avançada, e uma simples edição levava muito tempo e trabalho para ser finalizada. João produzia sozinho e de modo artesanal. Escrevia de domingo, enviada para a gráfica na segunda e recebia de volta na sexta, para então distribuir.

Junto, conciliava a carreira de professor na escola Cesarino Borba e de supervisor de benefícios na Usina Iracema. Aliás, a Usina era quem patrocinava tudo — o comércio, que ainda engatinhava, contribuía em menor escala.

A meta do jornal, de acordo com ele, era “valorizar a comunidade e suas instituições”. O periódico mantinha a linha editorial branda, não entrava em temas políticos e limitava-se a cobrir a área social, com foco no esporte (como a cobertura do JOFE) e em festas (como a do Caldo de Cana).

Foi assim até o fim. As coisas ficaram difíceis já no começo da década de 1990, quando o Plano Collor, em 92, derrubou a economia. O jornal ainda resistiu por vários anos, em tiragem mensal, mas terminou em 98. De todo modo, deixou sua marca e é lembrado até hoje.

Momentos chave do “JI”

O Jornal de Iracemápolis publicou matérias exclusivas que merecem destaque. A Gazeta escolheu três:

– Cobertura da inauguração da destilaria de álcool da Usina Iracema. Foi quando a empresa passou a produzir álcool, já que até então era produtora apenas de açúcar;

– Entrevista com Luís Henrique Pinóquio, goleiro iracemapolense que foi convocado para a seleção olímpica em 88. O jornal o entrevistou em Águas de São Pedro, onde a seleção estava concentrada;

– Início da coluna “Quarentinha nos Esportes”, hoje publicada pela Gazeta de Iracemápolis. É por isso que, na coluna, se lê: “Uma constante desde 1983″.

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