Estalinho de Dinamite


Publicado em 26 de junho de 2015

Sou do tempo em que as crianças, nessa época do ano, junho e julho, com o advento das festas juninas e julinas, compravam caixinhas de estalinho para se divertir. Estalinhos são pequenas bombinhas que fazem um estalo quando jogadas contra uma superfície dura. Na verdade, eles são feitos de pequenas pedras ou grãos de areia embebidos em fulminato de prata. O fulminato de prata é muito explosivo e pode ser tóxico se ingerido em grandes quantidades. No entanto, a pequena quantidade desse composto nos estalinhos é relativamente inofensiva. Quando essa substância entra em contato com uma superfície dura, ela explode, causando um som de estalo. Para fazer as bombinhas, basta revestir grãos de areia com esse composto. Naquele tempo brincávamos inocentemente de assustar as pessoas abordando-as e jogando em seus pés o tal do estalinho. Lógico que o estalinho é voltado para crianças bem pequenas por se tratar de artefato inofensivo.

Mais tarde, quando crescíamos um pouco, partíamos para algo mais “emocionante”. Então a bola da vez eram os traques. O traque é um artefato pirotécnico que contém pólvora enrolada em um tubo de cartão e que, ao ser aceso, provoca a explosão da pólvora, produzindo um ruído breve e seco, como um estalo. Lógico que com muita criatividade e imaginação criávamos novos modelos de traque para intensificar o estouro. Uma das formas de conseguir essa proeza era amarrando vários traques juntos e acendendo todos ao mesmo tempo, ou fazendo uma carreira deles para um ir acionando o outro em cadeia. Era uma metralhadora, mas ainda inofensiva.

Finalmente partíamos para as bombinhas de São João. Essas, muito parecidas com os traques, porém com uma capacidade explosiva bem maior. Então tínhamos a bombinha de dez cruzeiros, vinte cruzeiros, cinquenta cruzeiros. Quanto mais cara, maior. E nessa escala aumentava a intensidade do estrondo e obviamente um relativo perigo. E assim nos divertíamos colocando bombas em canos de pvc para aumentar o ruído, debaixo de latas de óleo para observarmos a altura que a latinha voava entre algumas malvadezas a se confessar. A bomba relógio era uma delas. Colocávamos um cigarro na ponta da “bombinha” e deixávamos em algum lugar para que depois de alguns minutos o pavio fosse aceso causando um estouro surpresa. Obviamente que essa não era uma boa ideia, mas nunca ouvi dizer que alguém morreu por causa disso.

Então crescíamos e a vida seguia. Começávamos a trabalhar, paquerar e perdíamos o interesse pelas bombinhas!

Infelizmente isso ficou no passado. Hoje nos mesmos quarteirões em que brincávamos, ao invés de estalinhos e traques, estouram bancos com dinamites e o estampido que ouço não raramente são tiros de fuzil.

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