Muros


Publicado em 15 de abril de 2016

A seguinte notícia foi divulgada por inúmeros meios de comunicação na segunda-feira, 11: ‘Brasília – Pela primeira vez em quase 56 anos, a capital federal vive a inusitada situação de um ter um muro instalado na Esplanada dos Ministérios, dividindo a área para separar manifestantes contra e a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Sempre que são realizadas manifestações com grupos diferentes, a prática é ceder o espaço para quem fizer primeiro a solicitação formal, com os depois ocupando espaços próximos. Desta vez, decisão conjunta do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acatada pela Secretaria de Segurança Pública do Governo do Distrito Federal, levou à construção do muro’.

Esse é o retrato do Brasil atual. Um Brasil perigoso. Um Brasil triste. Um Brasil que vem perdendo a aura de ser aquele país onde todos vivem em união, com mazelas, com problemas a serem concertados, mas com um astral de se dar inveja. O Brasil das dificuldades mas com um povo forte e trabalhador. As cortinas vêm caindo. As máscaras estão sendo retiradas. A palavra separação é preocupante. Isso tudo parece coisa de torcidas de futebol uniformizadas. Ignorantes e fanáticos que não conseguem enxergar a beleza de um esporte. Os muros são a maior prova da nossa falência. Quando precisamos de condomínios fechados envolvidos em altos muros com proteção de câmeras e arames eletrificados é porque a desigualdade, a violência, o medo, o preconceito imperam na sociedade.

Vamos pegar o mapa brasileiro e criar uma colcha de retalhos. Cada qual no seu quadrado. Levantaremos muros para separar o preto do branco. Construiremos cercas para separar o católico do evangélico. Ergueremos muros para separar os jovens dos velhos. Muros para dividir os homossexuais dos heterossexuais. Cercas para deixar os índios afastados. Separemos com um alto muro os baianos dos paulistas. Os mineiros dos gaúchos, os analfabetos dos ‘doutores letrados’.

Precisamos urgentemente erguer altos e fortificados muros para prender a nossa falta de senso, a nossa falta de educação, o nosso ódio, a nossa ganância, os nossos preconceitos, a nossa ânsia pelo poder, pela riqueza, a nossa incapacidade de pensar no todo em detrimento de poucos. Os muros só dividem, não somam! Por favor, me deixem fora de seus muros!

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