Parceria


Publicado em 20 de maio de 2016

_Você tem utilidade enquanto você for útil. Se de repente a gente não tiver mais utilidade, então a gente se torna inútil – disse a mulher para a colega ao lado, enquanto aguardavam o café.

Com esse comentário, num balcão de padaria às 7 horas da manhã, ela certamente atraiu todos os olhares para si. E não podia ser diferente mesmo. Uma frase meio enrolada que deixou todo mundo a refletir.

Na TV da padaria, uma reportagem mostrava a trajetória do agora presidente interino do Brasil, Michel Temer e os fatos que o levaram a romper a parceria com a então presidenta Dilma. Todos, portanto, concluíram que a mulher se referia a esse fato.

Até pode ser, afinal há anos Michel fazia parceria com a presidenta e nunca se manifestou a respeito da evidente descida do Brasil ladeira abaixo. Talvez naquele momento a parceria lhe fosse de alguma forma útil.

A questão da frase tão enrolada, porém, é que parece que nos dias de hoje, quase todas as parcerias se baseiam em utilidade. Enquanto me for útil, enquanto me trouxer vantagem “tamo” junto, quando não for mais, bye-bye.

A reflexão que fica então é essa: que tipo de parceiros estamos sendo? Na família, no trabalho, no dia a dia. E que tipo de parceria temos? Se apenas estamos buscando vantagens nas parcerias, é melhor mudar de rumo. Se estamos sendo “apenas úteis” quando alguém precisa e depois deixados de lado, talvez seja também hora de romper a parceria. Num país onde o que se predomina atualmente são os acordos que buscam benefícios próprios, não será fácil encontrar parceiros de verdade, pro que der e vier, mas eles certamente ainda existem. E esses poucos, nós devemos preservar.

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