Questão de prioridades


Publicado em 18 de novembro de 2016

Depois dos quarenta, a mulher passou a consultar o oftalmologista anualmente, pois estava começando a ter dificuldades em enxergar.

Toda vez o médico falava “olha, talvez a senhora possa ficar sem óculos mais um ou dois anos e depois disso com certeza, a visão vai diminuir consideravelmente” e finalmente chegando aos quarenta e cinco o médico passou a receita. Ela estava com dificuldades imensas para ler:

_ Pode mandar fazer os óculos! A partir de agora, vai ficar mais difícil enxergar, a senhora não conseguirá ver com clareza coisa alguma.

A mulher então foi até a ótica e se assustou com o preço que os óculos ficariam. Resolveu deixar quieto por mais um tempo.

Meses depois, ao escovar os dentes, observou seu rosto e não gostou das rugas que estavam tomando conta de sua face. Desesperada, procurou uma loja onde eram vendidos cremes anti-rugas de última geração, caríssimos e após o conselho da vendedora, comprou a linha completa, cinco potinhos milagrosos. Parcelou o pagamento e foi embora feliz.

Chegando em casa, abriu as caixinhas e ajeitou-as no armarinho do banheiro torcendo para o marido não notar os novos cremes (e não perguntar o valor de tudo aquilo), pegou os folhetinhos de instruções de uso de cada um e se deitando na cama foi ler tranquila para começar o milagroso tratamento facial. O problema é que as letras eram tão pequenas que ela não conseguiu ler nada. Lembrou-se que precisava de óculos, mas que tinha achado muito caro…

Com os cremes caríssimos no armário e sem condições de ler as instruções, foi pela lógica mesmo e já depois de vários meses de uso dos produtos, quando se olhava no espelho percebia as rugas mais suaves, mas ao mesmo tempo se lembrava das palavras do médico “não vai enxergar nada com clareza”…

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