Romântico não é


Publicado em 13 de novembro de 2015

Definitivamente, este não é um mundo romântico. Não há mais cartas nem espera. As coisas chegam rápidas e, a qualquer hora, todo mundo consegue saber quase tudo sobre todo mundo.

Quase não há segredos. A multidão segue a maré e estamos todos no mesmo barco. A gente corre e quando vê é sexta-feira. Vai à esquina comprar uma Coca-Cola e quando volta já é outro mês. Diz “até breve!” ao colega de ensino médio e termina a faculdade. Adota um vira-lata e de repente há pêlos brancos no bichinho.

A gente cresce todo dia. Vai dormir e acorda mais velho (alguns mais maduros; outros, apenas mais velhos). Somos feitos de sonhos e ideais, um monte de pretensões e a ideia de que tudo isso vale a pena. O que realmente importa, porém, é o que fica disso tudo. Os dias terminam e, com eles, muitas coisas se vão: palavras, paixões, discursos, aquela brincadeira de caminhar como se tudo tivesse um motivo. No fim, o que fica são só as pessoas, com suas crises e amores, com aquilo que há de mais humano, com suas tentativas diárias de fazer a vida ter algum sentido.

Eu queria imaginar a Marilyn Monroe, ter escondido uma pinup no guarda-roupa. Mas não! Está tudo na internet. Juliette Binoche está na rede de todo e qualquer jeito. Assim, só preciso da memória para lembrar o que não posso ter.

Porque temos tudo, mas não temos nada. Conversamos com o mundo inteiro sem ver ninguém. Parecemos íntimos sem sequer ter apertado a mão. Não digo que isso é bom ou ruim. Não é esse o propósito. Mas, definitivamente, romântico não é.

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