Preocupação
Publicado em 31 de março de 2017
Hoje o que não falta em nosso país é reclamação. Não é de hoje que o brasileiro vive numa corda bamba. Já foi melhor. Mas nunca vi ‘tão pior’. Os mais velhos e a história contam que sim, houve tempos calamitosos por essas terras. Pode ser que seja uma questão particular, sou mais novo e nunca passei por uma crise, também não é para tanto. O fato é que aonde vou, onde estou, onde levanto o problema, de dez, oito estão na pior. E aqui não cabem questões filosóficas. O problema é renda mesmo. Não se ganha mais o que se ganhava há alguns anos atrás. Estamos num retrocesso econômico que parece não ter fim.
Anuncia-se a melhora para logo ali e nada acontece. O mar não está para peixe. Obviamente que existem os que nadam de braçada, mas sempre foram a minoria. Estou me referindo àqueles que labutam diariamente pelo pão de cada dia. A empresa tinha quinhentos funcionários? Cortou trezentos! O meu primo está procurando emprego e não encontra. O nosso problema sempre foi a tal da instabilidade. Hoje está bom, amanhã já é outro dia. Amanhã o leite das crianças? Quem sabe?
Até o churrasco ficou perigoso. Estão assando o brasileiro aos poucos. As notícias há quinhentos anos são as mesmas. Corrupção no âmbito político, corrupção em Brasília, corrupção alastrada de tal forma que não deixa pedra sobre pedra.
Mas vamos reformar tudo isso, e vamos começar justamente pelo que toca a corneta do trabalhador, do pai de família que paga o preço de ter nascido nessa terra de ninguém. Aposentadoria, FGTS, seguro desemprego. Vamos mudar tudo. Essa gente está trabalhando muito pouco. Vamos aposentar aos cento e vinte anos. Vou abrir um negócio próprio. Vou fechar em seis meses.
E a horda vai às ruas. Não por menos. Tem gente boa nas ruas também. As famílias estão desesperançadas. Mas a maioria não vai. Aguentam caladas as dores de não serem respeitadas pelo que fazem pelo Brasil. Perdem o rumo. Perdem o chão. Só tem forças para trabalhar, dormir e trabalhar de novo. Estão matando o brasileiro de preocupação. A nova síndrome da nossa gente é essa: ficar pensando se amanhã o dinheiro vai dar para o mínimo. O Brasileiro vive da inquietação. Vivemos num mar de desassossego!